Qualidados traz ao Brasil a plataforma Cleopatra, uma solução inovadora em gestão de projetos e paradas de manutenção

A Qualidados, uma das principais empresas de engenharia consultiva do país, acaba de trazer para o mercado brasileiro uma solução avançada em gestão de projetos, paradas de manutenção e de estimativa de custos: Cleopatra Enterprise.

A novidade vem no sentido de consolidar a marca Qualidados como uma das empresas mais inovadoras do Brasil quando o assunto envolve a busca por otimização da gestão das paradas de manutenção. A empresa possui um track record de sucesso na implantação desse tipo de solução, tendo atendido ao longo de seus 30 anos de mercado alguns dos maiores players industriais do país.

De acordo com Washington Araújo, Gestor da Qualidados responsável pelas áreas de projeto, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, a nova solução é fruto de uma parceria firmada com a empresa holandesa Cleopatra Enterprise, detentora da tecnologia. ”Somos um time que respira inovação todos os dias. Nesse sentido temos sido bem-sucedidos em desenvolver tecnologias proprietárias e em formar alianças com startups e empresas globais que possam ampliar o nosso portfólio de soluções.’‘, sinaliza Washington.

O executivo destaca que a solução Cleopatra é uma plataforma completa para o gerenciamento de projetos e paradas de manutenção. ”Estamos trazendo com exclusividade para o mercado brasileiro uma ferramenta única, capaz de integrar múltiplas funcionalidades e cobrir absolutamente todo o ciclo de vida de um projeto. Nesse sentido é possível avaliar questões como: estimativa de custos, gerenciamento de pacotes de trabalho, BIM, controle de custos, gestão de riscos, análise de projetos, benchmarking e muito mais.’‘, destaca Washington.

A solução Cleopatra em última análise possibilita a melhoria contínua do desempenho do projeto e, consequentemente, promove uma transformação digital bem-sucedida. ‘‘Cleopatra é mais um importante passo, porque demostra na prática a elevada capacidade da Qualidados em trazer soluções inteligentes e de alto impacto para os clientes. Agora podemos trazer ainda mais excelência em nossos projetos de gerenciamento de paradas de manutenção. Trata-se de uma solução perfeita para segmentos como óleo & gás, energias renováveis, mineração, química e indústria farmacêutica. Trazemos o sonho de todo gestor de projetos. ”, destaca Araújo.

Segundo Washington, o Cleopatra traz maior integração, produtividade e eficiência tudo em um só lugar.Com o novo sistema, é possível ter acesso a processos mais inteligentes, rápidos e eficazes, além de centralizar a informação em uma única plataforma.

 

 

“A tecnologia foi projetada para apoiar gestores da indústria, empreiteiros de EPC e empresas de engenharia. Pensando nisso, ela acomoda as complexas necessidades de projetos em diversos setores e, assim, o acesso a recursos de acompanhamento e a análise em tempo real de forma integrada, permitindo uma tomada de decisão fundamentada e ágil. Cada insight gerado pela plataforma é valioso e com os dados disponíveis de forma estruturada é fácil de identificar os possíveis gargalos e realizar ajustes rápidos para garantir o sucesso contínuo do projeto.’‘, destaca Washington.

Para o executivo outro diferencial da solução envolve a gestão de pessoas. ”Independentemente da localização geográfica, a plataforma possibilita uma gestão eficiente dos fluxos de trabalho, o compartilhamento de arquivos e informações de forma segura, além de atualizações instantâneas. Com o Sistema Cleopatra, a sinergia é única e o trabalho em equipe se torna mais produtivo e eficiente.”, afirma Washington.

A redução de erros e dos riscos, bem como o controle de qualidade, também são vantagens contempladas pelo Sistema Cleopatra, afinal, quando se busca um gerenciamento de excelência, é essencial que todos os objetivos sejam atingidos.  Com Cleopatra temos a capacidade de elaborar um planejamento mais preciso e, o mais importante: temos as melhores chances de uma execução eficiente de tudo aquilo que foi planejado.’‘, finaliza Washington.

Para conhecer mais sobre a ferramenta agende uma apresentação com o nosso time: www.qualidados.com.br ou pelo telefone +55 (71) 3339 – 2600

 

 

2005

Implementa a metodologia de gestão estratégica Balanced Scorecard (BSC).

Indústria 4.0 e o indicador Wrench Time: uma abordagem sobre os avanços tecnológicos e as novas possibilidades de utilizar esse indicador de maneira mais assertiva.

Por: Bruno Assis
Coordenador de PDI da Qualidados Engenharia

Não é novidade que o setor de manutenção vem ganhando evidência e possibilitando diferenciais competitivos frente a um mercado cada dia mais globalizado e exigente.

A indústria 4.0 vem causando uma transformação nos processos das indústrias em geral, não sendo diferente com o setor de manutenção. Tecnologias como automatização, dispositivos interconectados, sensores, nuvem, gateways, big data e outros recursos do IoT, vêm possibilitando uma revolução na esfera da manutenção industrial e entregando cada vez mais valor às empresas.

Em busca de diferencial competitivo, essas indústrias investem, cada vez mais, para aperfeiçoar seus processos, descobrir ferramentas, modos que possibilitem reduzir desperdícios e, ao mesmo tempo, aumentem a produtividade e a qualidade.

Dentro desse universo que é a manutenção, o indicador de Wrench Time, traduzindo do inglês “tempo de chave”, ganha cada vez mais destaque. Com os avanços tecnológicos, atividades e ferramentas antes consideradas abstrusas, tornam-se pragmáticas e assertivas. O Wrench Time, também chamado de “Fator de produtividade”, é um dos principais indicadores para a Gestão da Manutenção, possibilitando entender como está o desempenho dos funcionários, qual é o tamanho dos desperdícios da sua operação e onde estão os principais gargalos.

E como o indicador de produtividade “Wrench Time”, aliado com novas tecnologias, pode suportar nesse processo de busca pela excelência operacional?

O Wrench Time é um indicador que revela o porcentual do tempo total em que um profissional da manutenção de fato gasta com atividades produtivas, ou seja, aquelas que agregam valor para a empresa e estão descritas em seu plano de manutenção. Desconsideram-se atividades, tais como, tempo de deslocamento, emissão de documentos, busca de ferramentas ou peças, reuniões, abertura de ordens, etc…

O desafio maior de controlar esse indicador não está no cálculo, mas em conseguir coletar os dados de forma assertiva.

Conforme apresentado na fórmula matemática abaixo, os cálculos para definir esse indicador são extremamente simples.

No entanto, os métodos tradicionais (sem recursos tecnológicos) utilizados pelas empresas não estão aptos a entregar praticidade e exatidão para monitorar esse indicador, e assim não existe uma robusta confiabilidade dos dados coletados. Seguem listados algumas dessas maneiras:

  • Entrevistar o funcionário

Ir ao Gemba e colher relatos dos funcionários sobre a atividade que realizou, buscando uma estimativa do tempo produtivo e ocioso de cada tarefa realizada.

  • Monitoramento visual

Esse método consiste em realizar um monitoramento visual dos colaboradores e registrar o tempo produtivo despendido em cada atividade.

  • Método estatístico

Aqui, se adota um grupo de amostragem maior. Entre os métodos adotados sem recurso tecnológico, esse é o que mais se aproxima da realidade, mas, mesmo assim, possibilita margens de erros consideráveis.

Com os exemplos acima, percebe-se que os modelos tradicionais adotados estão ultrapassados, e, de fato, apresentam baixa confiabilidade, potencializando, assim, entendimentos incorretos, tomadas de decisões equivocadas e investimentos mal alocados.

O surgimento de novos recursos tecnológicos vem transformando o controle do Wrench Time, possibilitando maior robustez e valor ao processo.  Está cada dia mais claro a sua importância e como um monitoramento bem-feito pode revelar pontos, antes imperceptíveis, de falhas na operação e suportar diretamente em um melhor entendimento de outros indicadores críticos, como, por exemplo, custos, homem-hora e backlog.

Além dos pontos já mencionados anteriormente, ter implementado um sistema tecnológico robusto do controle de Wrench Time poderá ainda entregar outros inúmeros benefícios.

Alguns exemplos abaixo:

  • Melhor entendimento sobre o desempenho do planejamento da manutenção;
  • Com um melhor entendimento do planejamento, é possível alocar melhor os investimentos e, com isso, diminuir custos e desperdícios;
  • Planejamento de qualidade reduz os tempos de espera;
  • Equipe de manutenção bem planejada e com boa performance viabiliza ativos de boa qualidade, o que possibilita melhor produtividade e capabilidade de processo;
  • Redução de ações corretivas, focando em manutenções preventivas;
  • Dados confiáveis possibilitam medições assertivas, consequentemente bons ciclos de melhoria contínua.

Apesar dos pontos positivos, é preciso atenção em relação à qualidade. Mesmo atingindo bons níveis do indicador de produtividade, se as entregas forem de baixa qualidade, o processo não pode ser considerado eficaz.

Estudos revelam que o valor referente ao Fator de Produtividade no Brasil está entre 12 e 25%. Nota-se que é uma fração muito pequena do trabalho de um funcionário da manutenção que é gasto com atividades que agregam valor para a empresa. Diante dos números revelados nesses estudos, percebe-se que temos um mundo de oportunidades a serem exploradas que permitirão ao Brasil atingir índices que impulsionem a produtividade do país, tais como investimentos no ambiente fabril, melhorias de processo, capacitação de mão-de-obra e o mais importante: desenvolvimento tecnológico.

Conclui-se assim que, em mercados altamente competitivos, empresas se veem obrigadas a investir em seus diferenciais. É imprescindível flexibilidade, estar aberto às mudanças e o principal: estar atento às novas tecnologias que possibilitem identificar e corrigir falhas rapidamente, gerando maior valor aos negócios e possibilitando aprender muito com esse processo.

QualiDados. Engenharia com Tecnologia

Uma abordagem sobre o setor de manutenção nas Indústrias 4.0 e 5.0

Indústria 4.0 e Sociedade 5.0 estão ganhando atenção dos negócios, pois vários paradigmas e contradições estão deixando todos preocupados.

Por: Kaio Majewski Monteiro
Engenheiro de confiabilidade da Qualidados Engenharia

A chegada da indústria 5.0 não substitui tudo que se conhece da 4.0 e tão pouco a torna obsoleta. A principal ideia da indústria 5.0 é usar a tecnologia desenvolvida na indústria 4.0 e se beneficiar do comportamento humano. A manutenção na indústria 4.0 tem algumas implicações na organização e forma de gerenciamento. Com toda a informação e digitalização, existe a necessidade de um ambiente virtual totalmente seguro e efetivo, com segurança da informação. Os softwares que atendem as indústrias ainda são caros e às vezes de difícil acesso e conhecimento. Portanto, nasce a necessidade da consultoria para casos de curto e longo prazo de utilização dos mesmos.

Entretanto, toda estratégia industrial deve ser pensada e aprovada a nível gerencial, mesmo quando tratadas digitalmente, pois existem custos e valores atrelados a estas decisões. Um grande passo para adaptação e correta utilização dos softwares e sistemas em rede será a integração da sociedade 5.0, que consiste na valorização e parceria do ser humano com os equipamentos.

A indústria 4.0 mostra grandes avanços tecnológicos enquanto a 5.0 mostra que a tecnologia não é tudo. Alguns objetivos da indústria 5.0 é a aproximação do humano com a máquina, com ênfase nas interações humanas. Segurança e conforto passam a ser mais visadas, enquanto os serviços tecnológicos permitem o aumento de produtividade e serviço na área industrial sem impactar o ser.

Mas um ponto de atenção é que os processos industriais, de forma geral, estão exigindo maior assertividade em resultados de inspeção, manutenção, planejamento e gestão. Grande parte destes resultados, atualmente, é transformada, por exemplo, em indicadores e informações vindas de sistemas integrados.

Com o advento da indústria 4.0 a utilização de sensores inteligentes, internet das coisas e armazenamento em nuvem passaram a ser tópico principal em todas as indústrias. Neste momento da evolução, todos os objetos físicos e virtuais dentro de um ambiente industrial passam a estar conectados.

Alguns setores industriais estão na revolução 4.0 enquanto a sociedade migra para o 5.0, onde tudo já se apresenta de forma conectada e com interação do ser humano. Um exemplo visível são as centenas de drones que iluminaram o céu de Tóquio durante as olimpíadas. O Japão possui uma integração profunda da tecnologia incluindo inteligência artificial, robótica e big data.

A sociedade 5.0 retira o medo causado pela indústria 4.0, que antes era digitalizada e gerava polêmica em torno da substituição do homem pela máquina. A indústria 5.0 traz a união e sinergia do homem com a máquina.

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O ganho da manutenção é percebido pelo avanço da tecnologia. Atualmente, a função manutenção é garantida pela disponibilidade de equipamentos com apoio de tecnologias, robôs autônomos, simulações, internet das coisas, aprendizado de máquinas, computação em nuvem, big data e realidade aumentada.

Com o apoio dessas ferramentas, a manutenção tende à redução de corretiva e melhoria no gerenciamento de ativos, pois, na mesma medida que aumenta o controle da manutenção, deve-se aumentar o conhecimento técnico para apoio. Assim, a pirâmide de gestão fica mais estruturada internamente, permitindo a suportação da gestão de ativos.

Com a necessidade de treinamentos e evolução profissional, a manutenção passa a ser mais integrada, de forma trazer a manutenção, engenharia de manutenção, confiabilidade, projeto e gestão para o mesmo nível e mesmo foco.

A manutenção baseada em condição é apoiada por todos os aspectos mencionados acima e totalmente apoiada pela indústria 4.0 e inserida na 5.0. Através de análises de equipamentos, seleção de dados e processamento adequado será feita a modelagem para apoio a uma decisão. Dessa forma, muito mais que uma revolução em si, é a possibilidade de agregar valor e tornar as decisões gerenciais mais rápidas e práticas, pois em toda mudança de padrão existe a possibilidade de atuação.

Contudo, a manutenção preditiva tem sido uma das prioridades da indústria desde que a falha de ativos críticos é extremamente impactante no risco operacional. A manutenção preditiva é indispensável no aspecto de indústria 4.0. Ela está além das corretiva e preventiva.

A manutenção no contexto da indústria 4.0 é totalmente estratégica. Ela utiliza o histórico de informações em tempo real a fim de detectar futuras anomalias e comportamentos dos equipamentos para apoiar na previsibilidade da “saúde do equipamento” e possíveis modos de falha

Em adição, por outro lado, devido às interpretações e definições, a manutenção preventiva deve ser baseada em manuais ou no tempo estimado entre falhas, enquanto a manutenção corretiva é a consequência da quebra ou falha.

Um ponto de mudança e estratégico da indústria é o que pode ser chamado de machine learning da inteligência artificial (MLAI), ou seja, aplicação da manutenção focada nos padrões comportamentais dos equipamentos. Isso permite a exclusão de modelos matemáticos que antes eram usados em preventivas e preditivas. Abrindo, dessa forma, a possibilidade para uma atuação em qualquer momento do ativo.

Independentemente do tipo de manutenção e ferramentas, o que a maior parte da manutenção preza é o prolongamento de vida útil, redução dos custos de manutenção, redução do downtime, aumento de capacidade técnica do time de especialistas, supervisores e manutentores, assim como otimização do processo de produção e dos recursos para apoio a manutenção.

Mas, sabendo que todo esse avanço está acontecendo muito rápido, claramente partimos do pressuposto de que existem algumas situações que devem ser de conhecimento básico como a curva PF.

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A curva PF representa o comportamento do ativo antes da falha funcional ter ocorrido. Mostra que a condição do equipamento sofre declínio ao longo do tempo até ocorrer a falha funcional. Logo, podemos interpretar esta falha como um processo. A manutenção corretiva ocorre logo após a falha funcional, enquanto a preventiva está baseada em intervalos específicos para evitar a falha funcional. Com a indústria 4.0, a manutenção preditiva maximiza o intervalo PF para o inicio da degradação, ou seja, onde inicia a curva, mas somente com o emprego de tecnologias pode-se observar e prever possíveis sintomas antes dos mesmos se tornarem visíveis aos humanos. Moubray, afirma que técnicas de monitoramento de condições podem ser efetivas quando usadas apropriadamente, mas quando usadas incorretamente, podem ser caras e gerar perda de tempo.

Conclui-se, dessa forma, que, mesmo que as revoluções 4.0 e 5.0 estejam acontecendo e as manutenções e inspeções estejam avançando com a tecnologia e se apoiando nas possibilidades geradas por elas, é necessário que o conhecimento básico de ferramentas e conceitos sejam disseminados e as pessoas se beneficiem de crescimento técnico para o apoio ao desenvolvimento.

Tempo de conectar

Evento de inovação gera interação inédita entre lideranças de diferentes segmentos industriais na busca por soluções para desafios da produtividade na manutenção.

A realidade de segmentos como mineração, óleo e gás, petroquímica e siderurgia pode ser bastante diversa – da cultura organizacional aos processos das plantas industriais. Ao mesmo tempo, porém, há muitos pontos em comum entre as dores e desafios vivenciados por estas indústrias para melhorar a produtividade dos seus serviços de manutenção.  Mas o que ocorreria se lideranças de manutenção destas empresas tão diferentes (e ao mesmo tempo com tantas similaridades) passassem a trocar ideias e experiências?  Que soluções e insights poderiam surgir a partir daí?

Foi pensando neste potencial que a Qualidados reuniu por duas horas em um ambiente virtual 10 gestores da área de manutenção de empresas de sete diferentes segmentos industriais: siderurgia, química, petroquímica, metalurgia, óleo e gás, fertilizantes e mineração. No evento de inovação aberta QD Connect, estes profissionais – que atuam em grandes players do mercado como Vale, Gerdau, Stepan Química, SBM Offshore, Yara Fertilizantes, CBMM Mineração e Braskem -, foram convocados a identificar coletivamente os principais problemas que afetam a produtividade dos seus serviços de manutenção (seja na rotina ou durante paradas), correlacionando cada problema com possíveis causas e insights de solução.

Como resultado do trabalho, o grupo identificou 24 diferentes problemas, entre os quais foram selecionados nove prioritários, agrupados em quatro áreas: Execução, Processos, Manutenção e Capacitação.  Também foram levantadas 24 causas para estes problemas e 50 insights com rotas para sua solução, incluindo desde a criação de programas de capacitação de mão de obra até melhorias nos processos de contratação, padronização de procedimentos, desenvolvimento de novas soluções tecnológicas e adoção de tecnologias da indústria 4.0.

A produção foi sistematizada em um relatório, entregue a cada um dos participantes. O movimento, no entanto, está só no começo.  “Este primeiro evento funcionou como uma espécie de brainstorm para mapear os desafios à produtividade da manutenção. “Nossa ideia agora é organizar uma segunda etapa, com o objetivo de engajar as lideranças no desenho das soluções, dentro de uma proposta de design thinking“, explica a sócia-diretora da Qualidados, Jane Carvalho, que teve a ideia para a criação do QD Connect a partir de sua própria experiência com os clientes.

“Percebi que as empresas de certos segmentos apresentavam avanços em determinadas áreas que indústrias de outros segmentos não adotavam e vice-versa, e que os segmentos muitas vezes não conversavam entre si”, relata Jane. “Há práticas que podem ser replicadas independentemente da cultura ou do segmento onde elas foram implementadas: este trabalho em rede gera valor para todos os participantes”, complementa o gerente de Projeto, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Qualidados Thiago Lopes.

A resposta das lideranças de manutenção à proposta só confirmou o acerto do diagnóstico da Qualidados. Em uma pesquisa de satisfação realizada após o evento, todos os profissionais afirmaram que participariam novamente do evento e/ou indicariam o QD Connect para outra pessoa, e também confirmaram seu interesse em marcar presença em um evento de design thinking.

A despeito da realização de um segundo encontro, no entanto, o aumento da interação entre as lideranças já pôde ser sentido. “A partir deste contato inicial, nós percebemos que houve uma troca de contatos entre os participantes com o objetivo de estreitamento futuro da relação entre as empresas”, observa o sócio-diretor da Qualidados, Luiz Henrique Costa, ao ressaltar também que os insights levantados durante o QD Connect podem auxiliar a Qualidados no desenvolvimento de soluções para atender às demandas dos clientes.

Inovação também na forma      

O QD Connect sobre Produtividade na Manutenção inovou também na forma.  Concebido a partir de uma parceria entre a Qualidados e o estúdio de design de inovação Clara Idea, o evento adotou o World Café, uma metodologia de conversa em grupo criada nos anos 1990 na Califórnia pela dupla Juanita Brown e David Isaacs, e que é usada no mundo todo para a exploração de temas relevantes, estimulando a criatividade e criando espaço para a emergência da inteligência criativa.

Na adaptação para o formato on-line, a interação foi promovida por meio da divisão dos participantes em grupos que se reuniram em salas virtuais para participar das rodadas de discussão. Tudo isso orientado por facilitadores, redatores e observadores da própria empresa, previamente capacitados. “Em apenas duas horas, o conflito criativo levou à construção de um conjunto rico de insights para inovação; conectou profissionais de diferentes empresas e diferentes segmentos industriais, que identificaram possibilidades de colaboração; e fortaleceu tanto a cultura de inovação aberta da empresa como o ecossistema local de inovação”, resume a co-fundadora e CEO da Clara Idea, Ana Pires, que atuou como mediadora do evento.

A hora e a vez das paradas

Conheça os desafios que a pandemia trouxe para estes grandes eventos de manutenção da indústria e as estratégias que a Qualidados usa para superá-los.

Quem conhece a realidade de uma planta industrial sabe a importância de realizar paradas programadas de manutenção no menor prazo possível, já que elas mobilizam um grande número de trabalhadores e são fundamentais para garantir a segurança e a confiabilidade dos equipamentos. Afinal, a interrupção da produção é essencial para viabilizar a manutenção e tem impacto direto na produtividade das empresas.

Diante desse cenário, já dá para imaginar o tamanho do impacto gerado pela pandemia da covid-19. Com a disseminação do coronavírus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou novos protocolos de saúde, com exigências de distanciamento social a serem seguidos pelas indústrias. Ao longo de 2020, muitas paradas foram adiadas e as empresas foram obrigadas a repensar seus planejamentos de manutenção.

Acúmulo – O resultado agora é um grande acúmulo de paradas a serem realizadas. Para 2021, a expectativa do mercado era de que os setores de química e petroquímica, papel e celulose, mineração e siderurgia, fertilizantes e óleo e gás direcionassem cerca de 2 bilhões de reais para contratação de serviços de manutenção, com a mobilização de mais de 150 mil colaboradores diretos. Com a continuidade da pandemia, a expectativa é que esta tendência se mantenha em 2022.

Para os prestadores de serviço, o acúmulo de paradas pode trazer uma série de desafios que vão desde impasses para mobilização de mão de obra até o aumento dos custos e a carência no mercado de materiais e equipamentos cruciais para a execução dos serviços, como guindastes e andaimes. Responsável pela área de Desenvolvimento de Negócios da Qualidados, Vinícius Castrioto conta que a empresa vem adotando uma série de estratégias para fazer frente a estes desafios.

Soluções – Uma das principais alternativas é a oferta de soluções inteligentes que viabilizem a realização de atividades de forma remota – uma área na qual a empresa vem investindo por meio de parcerias com startups de tecnologia (ver mais aqui). No campo da prospecção de negócios, Vinícius conta que trabalha em parceria com a consultoria de inteligência de mercado BrainMarket para acompanhar, por meio de dashboards, as atualizações dos calendários de paradas de manutenção. No início do ano, a empresa fechou um contrato com a Yara Fertilizantes, e já há perspectivas de atender a duas paradas de manutenção no Polo de Camaçari e entorno.

Antecipação – “O crucial no desenvolvimento dos negócios é o timing no approach comercial, pois precisamos de uma janela de tempo de em média seis meses antes de a parada ocorrer para ofertar o nosso know-how por completo”, explica Vinícius. A antecipação, aliás, é uma das principais estratégias adotadas pela Qualidados para driblar os problemas decorrentes do acúmulo de paradas. “A metodologia que adotamos para o planejamento prevê uma definição antecipada do escopo dos serviços de manutenção, o que é fundamental para antecipar os problemas que podem vir a acontecer e superar eventuais dificuldades com contratação de mão de obra ou aquisição de insumos”, explica Vinícius

Outra ferramenta estratégica neste cenário é o levantamento (survey) de campo. A prática consiste em realizar visitas prévias in loco às unidades industriais para verificar em detalhes as condições do ambiente onde a parada será executada, com o objetivo de garantir uma definição mais precisa do escopo dos serviços a serem realizados.

Contratação – Do ponto de vista de mobilização de mão de obra, a coordenadora de Recursos Humanos da Qualidados, Raquel Melo, chama atenção ainda para o diferencial trazido pelo Gupy, um sistema informatizado que permite realizar processos seletivos totalmente on-line. “O investimento na aquisição deste sistema está fazendo toda diferença neste momento de isolamento social, pois conseguimos divulgar as oportunidades nos principais portais de emprego do Brasil e qualificar os candidatos com testes online”, conta Raquel, ao lembrar também que, para agilizar as contratações, a Qualidados fechou parcerias com empresas de recrutamento e com o SINE, o serviço gratuito de intermediação para o trabalho mantido pela administração pública.

As inovações que vêm por aí

Impulsionada pela pandemia, a indústria 4.0 nunca esteve tão em alta.

Inovar nunca foi tão necessário. Em julho deste ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um levantamento do Instituto FSB Pesquisa com executivos de 402 empresas industriais de grande e médio porte de todo o país. Oitenta e três por cento deles afirmaram que precisarão de mais inovação para crescer ou mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia.

O resultado não surpreende. Com operações afetadas pela pandemia, as indústrias se voltaram para soluções de tecnologia e inovação em busca de alternativas para garantir continuidade operacional sem comprometer a saúde e o bem-estar dos colaboradores. Foi assim que a Covid-19 se transformou em grande impulsionadora da indústria 4.0, tornando mais urgente o interesse pelos avanços em campos como inteligência artificial, análise de dados, machine learning e automação.

Sintonizada com esta tendência, a CNI lançou recentemente, em parceria com a empresa global de inovação aberta SOSA, um relatório com o mapeamento de 50 startups de destaque a nível internacional, que desenvolvem tecnologias úteis para ajudar o setor industrial a superar os desafios trazidos pela Covid. A ideia foi auxiliar as empresas a conhecer as novas tecnologias e estimular parcerias com startups. Quer ficar por dentro das novidades? Confira algumas tendências que garimpamos deste estudo.

O futuro dos EPIs – Está saindo do forno uma nova geração de Equipamentos de Proteção Industrial, os famosos EPIs. Para proteger os trabalhadores da contaminação, fabricantes de EPIs estão criando, entre outras coisas, tecidos e máscaras anti patogênicas de tecnologia avançada, com eficácia contra o vírus. A startup PathSpot, de Nova York, fabrica um scanner de mão que usa tecnologia de detecção para indicar aos funcionários em tempo real a qualidade de cada lavagem das mãos. Já a Immutouch, de Washington, desenvolveu uma pulseira inteligente que detecta movimentos e vibra quando o usuário toca o rosto.

Monitorando sinas vitais – Outra tendência em alta são os sistemas não invasivos para detectar sintomas de Covid-19. Tecnologia de visão computacional móvel, dispositivos vestíveis, sistemas de triagem de entrada e sensores podem ser usados para prevenir surtos no ambiente de trabalho. A israelense Nettera aposta em chips para detectar movimentos microscópicos da pele, mesmo através de móveis e roupas. Já o Symptonsense, da Soter Technologies, de Nova York, é um portão de detecção de identidade e sinais vitais. Parecido com um detector de metais, ele capta não só a temperatura, como nível de oxigênio no sangue, frequências cardíaca e respiratória, entre outros dados.

Vigilância inteligente – Novas tecnologias de análise espacial e vigilância por vídeo permitem às indústrias obter, em tempo real, dados sobre as atividades no chão de fábrica úteis tanto para garantir as medidas de distanciamento social como para gerir a produtividade da manutenção. A BriefCam, de  Tel Aviv,  oferece uma tecnologia que se vale de recursos de deeplearning para  transformar o conteúdo bruto dos vídeos em dados úteis e facilmente acessíveis se, por exemplo, um trabalhador testar positivo para Covid-19 e informar este fato aos gerentes responsáveis, a tecnologia pode ser usada para mapear, com agilidade, seus movimentos e interações na empresa antes do afastamento.

Robótica industrial – A robótica é outra aliada da indústria em tempos de distanciamento social. Microfábricas robóticas modulares possibilitam às unidades industriais intensificar ou reduzir rapidamente os seus níveis de produção. Com sedes na Califórnia e em Israel, a Bright Machines oferece robôs configuráveis com softwares que automatizam operações de montagem e inspeção. Durante a crise da Covid-19, as micro fábricas da empresa foram oferecidas para ajudar fabricantes de produtos médicos a aumentar rapidamente a sua produção.

Decisões baseadas em dados – Em um tempo de busca acelerada por  produtividade e competitividade, a Inteligência Artificial e a análise de dados podem ajudar empresas a tomar decisões para otimizar e dinamizar suas operações precocemente. Durante a crise da Covid-19, a Stoft Stuff Distributors – um distribuidor atacadista de alimentos dos Estados Unidos – viu a sobrevivência de seu negócio ameaçada. Com o suporte da startup Sinsense – que utiliza recursos de data analytics e business intelligence – a empresa adquiriu, analisou e usou dados para redirecionar recursos e melhorar resultados. Em pouco tempo, aproveitou as oportunidades do mercado para se transformar em um supermercado on-line.

E agora 2021?

Uma visão das tendências e perspectivas para o Ano Novo nos mercados onde a Qualidados atua.

Dois mil e vinte, todo mundo já sabe, foi um ano difícil, com uma pandemia que assustou os mercados e de uma hora para outra revolucionou nossas formas de viver e trabalhar. Com a virada do ano – e as perspectivas de vacinação tornando-se concretas – o que podemos esperar de 2021?  Quais as principais tendências e perspectivas para os mercados onde a Qualidados atua? Que novas oportunidades estão surgindo? Para refletir sobre estes temas, nós batemos um papo com a sócia-diretora Jane Carvalho e o nosso gerente comercial, Everaldo Sena. Confira:

             O boom das paradas – Com muita demanda reprimida em função da interrupção de projetos durante a pandemia, a perspectiva é de que a indústria tenha um2021 de intensa atividade, sobretudo no que diz respeito às paradas de manutenção. Para evitar riscos de contaminação – já que eventos deste tipo mobilizam grande número de trabalhadores – a maior parte das empresas optou por adiar ao máximo em 2020 a realização de suas paradas programadas de manutenção. Everaldo Sena lembra, no entanto, que o adiamento não pode ser por tempo indeterminado, já que a confiabilidade dos parques industriais depende diretamente do índice de manutenção.

Além disso, o gerente conta que a perspectiva do início da vacinação tem gerado um clima de maior previsibilidade para os negócios. “Nas últimas reuniões, os clientes já demonstram um compromisso maior com o cumprimento de prazos de eventos que devem ocorrer ainda no primeiro semestre”, revela.

Para Jane Carvalho, este “boom de paradas”, com uma concentração de eventos num período curto de tempo, cria oportunidades especialmente interessantes para a Qualidados. “Com tantas empresas prestando serviço e fornecendo mão de obra para a indústria ao mesmo tempo, o planejamento – que é a nossa principal expertise – torna-se uma atividade ainda mais crítica, e neste sentido temos muito a contribuir, já que adotamos uma visão mais holística, que não é meramente aquela do planejamento executivo dos serviços”, garante.

O teletrabalho como opção- Se, por um lado, há a perspectiva de retomada de projetos que ficaram em compasso de espera; por outro, o mercado sinaliza para 2021 com oportunidades para exercitar novas formas de execução dos serviços, com o teletrabalho emergindo como opção viável para alguns setores.  Na opinião de Jane – ainda que a pandemia seja controlada e não haja mais necessidade de medidas de distanciamento – a tendência do mercado é de buscar soluções que otimizem resultados e restrinjam ao máximo os recursos in loco.

“Hoje nós temos condições de executar o planejamento de uma parada de manutenção com parte de nossas equipes trabalhando remotamente: isto é algo impensável no passado, e que representa uma oportunidade ímpar, inclusive como forma de reduzir a exposição de pessoas aos riscos de uma atividade industrial”, completa Everaldo.

O gerente acredita também que a pandemia contribuiu para dar uma “chacoalhada” numa certa zona de conforto em que se encontravam as atividades industriais, fazendo com que os clientes ficassem “sedentos por novidades” e mais abertos a inovar, com o crescimento do interesse por soluções remotas que antes ainda geravam resistência.

Neste sentido, garante Jane, a pandemia só confirmou à Qualidados o acerto da sua estratégia de se posicionar como empresa que tem como valor a oferta de soluções inteligentes para os clientes, com base, entre outras coisas, numa cultura de inovação intensificada nos últimos anos. “A pandemia nos demonstrou quer estávamos na direção certa e uma das demonstrações disso é que os projetos que desenvolvemos com startups estão sendo agora facilitados e dinamizados”, garante a executiva.

Fornecedores unidos contra a crise

Empresas prestadoras de serviço da indústria se mobilizam em torno de agenda ampla para enfrentar os desafios gerados pela pandemia do coronavírus

A pandemia colocou as empresas que prestam serviço técnicos e de engenharia à indústria diante de um cenário inédito. De uma hora para outra, fornecedores viram-se obrigados a lidar com cancelamentos e reduções dos seus contratos, com consequências às vezes drásticas para o faturamento. Para completar, a crise obrigou as empresas, entre outras coisas, a rever seus procedimentos de saúde, incorporar novas práticas (como o home office) e dar agilidade inédita aos processos decisórios. A boa notícia é que muitos destes desafios estão sendo enfrentados coletivamente, graças a uma articulação inédita que contribui para dar novo impulso às reivindicações do grupo, além de abrir oportunidades de parceria e troca de informações.

A mobilização começou com a iniciativa da empresa de consultoria Brainmarket Inteligência de Negócios, de promover reuniões por videoconferência para debater os impactos da Covid-19 com empresas dos ramos de Engenharia Consultiva, Manutenção, Construção e Montagem Industrial.  Do primeiro encontro, em 17 de março, participaram 12 empresas. Sete reuniões depois, o número já tinha subido para 48, incluindo boa parte das prestadoras de serviços em segmentos industriais no Brasil.

Representação – Uma das principais deliberações do grupo durante as reuniões – que a princípio eram realizadas semanalmente e agora têm periodicidade quinzenal – foi eleger a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) como entidade representante dos seus interesses. “Logo nas primeiras videoconferências, houve unanimidade sobre a necessidade da união em torno de uma associação que buscasse equilibrar forças em processos de negociação com grandes contratantes como a Petrobras”, explica o consultor Eduardo Aragon, da Brainmarket.

Na sequência, foi criado um Comitê de Inteligência Estratégica (CIE) para atuar junto à Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) do CBIC. O grupo é formado por 19 participantes, incluindo dois representantes do CBIC (que coordenam o Comitê), 15 empresários dos diversos segmentos da engenharia nacional e dois representantes das instituições Fundação Dom Cabral (FDC) e Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI). A Comissão já está em sua segunda reunião, com a tarefa de encaminhar a pauta para as negociações com as empresas clientes. “Com o apoio da Câmara, será possível realizar de forma mais contundente a defesa dos nossos interesses e com isso obter resultados mais favoráveis ao nosso negócio”, acredita o sócio-diretor da Qualidados Claudio Freitas, que integra o Comitê de Inteligência Estratégica como representante das empresas de Engenharia.

Agenda ampla – Além de  reivindicações  como a liberação de retenções contratuais e alterações nas condições de pagamento dos serviços,  os executivos reunidos a partir da iniciativa da Brainmarket estão mobilizados em torno de uma agenda ampla que inclui, por exemplo, a  proposta de criação de um plano de retomada pós-pandemia, a elaboração de procedimentos para saúde ocupacional e home office e a  defesa junto aos organismos governamentais da criação de linhas de crédito para apoio às médias empresas.

Para o consultor Eduardo Aragon, a  união vai permitir que as empresas saiam na frente na preparação para o pós-pandemia. “A crise fez da agilidade uma estratégia empresarial: por isso, quem estiver preparado é que vai conseguir relargar na frente”, acredita o consultor. “É um movimento muito bem sucedido e oportuno, não somente para tratar de temas urgentes, como os impactos da pandemia nas empresas, mas, também, por criar oportunidades de associação, permitindo a discussão de assuntos relevantes e do interesse de todos”, reforça José Rodrigues, diretor comercial da empresa Engecampo Engenharia Industrial.

A sócia-diretora da Qualidados Jane Carvalho concorda. “É um cenário muito rico de aproximação entre as empresas, o que cria, inclusive, um ambiente favorável à inovação por facilitar a troca de ideias e a gestão do conhecimento”, opina Jane, ao chamar atenção para o fato de que, no cenário pré-pandemia, seria difícil promover uma interlocução deste tipo, envolvendo a alta direção  de tantas empresas.  “Se antes cada um de nós estava mais imbuído do interesse pelos problemas do dia a dia de nossas próprias empresas, hoje temos uma pauta comum”, argumenta.

“Uma organização sem ética tem vida curta”

Especialista em programas de Compliance, o advogado e auditor  José Guimarães fala dos desafios e benefícios do combate à corrupção nas organizações.  

Era 16 de novembro de 2014 quando a Operação Lava Jato se iniciou, com a prisão do principal executivo do Grupo UTC, , Vinte dias depois, José Guimarães visitava-o na prisão, em Curitiba. Sua missão: liderar aquilo que era uma das condições das autoridades  para o acordo de delação premiada com o executivo, a implementação de um programa de Compliance, Governança e Riscos muito forte no Grupo UTC. Advogado com longa experiência como processualista civil, José Guimarães não apenas cumpriu sua missão – implementando o programa e validando-o junto à Controladoria Geral da União e à Petrobras – como se tornou referência no assunto.

Em seu currículo, há certificações internacionais, como a de auditor líder nas normas ISO 37001 (Sistema de Gestão Anticorrupção) e 19.600 (Sistema de Gestão em Compliance) pela World Compliance Association. Hoje, é coordenador da Pós-Graduação em Compliance da Faculdade Baiana de Direito e dá consultoria e auditoria a organizações e empresas como a Qualidados na implantação e auditoria de programas na área. Nesta entrevista, ele contou para a Qualinews como a ética e o combate à fraude e à corrupção podem não apenas mitigar riscos para as finanças e a imagem da empresa como  contribuir até para a sua produtividade. Confira:

O que significa Compliance?

A palavra compliance vem do inglês to comply que significa “estar de acordo com”, cumprir.  Na minha visão, Programa de Complianxce significa estar de acordo com a lei, a ética e a integridade, com a finalidade de prevenir, detectar e punir atos antiéticos, ilegais, que podem comprometer a gestão, as finanças, a imagem e principalmente colocar em risco a reputação e a existência da organização,  contribuindo para gerar uma vida longa, profícua e próspera para as organizações, mitigando riscos a médio e longo prazo.

Por que é importante promover ética nas organizações?

Uma organização que não tem valor, ética e integridade tem vida curta e pode ruir a qualquer momento. O grupo UTC, por exemplo, era um grande grupo, porem, com o impacto reputacional ficou muito reduzido, e esta hoje em recuperação judicial.   A corrupção é hoje um dos maiores riscos a que uma empresa está sujeita, principalmente após o advento da Lei Anticorrupção e neste momento novo  no Brasil de absoluta  intolerância em relação à corrupção.

Compliance é também um bom investimento. Estudos demonstram que 5% do faturamento  bruto de qualquer instituição se perdem na aplicabilidade de normas, falta de políticas e procedimentos adequados, utilização equivocada do próprio ferramental e também conflito de interesses, vantagens indevidas, fraude e corrupção. O Compliance preserva os diretores e acionistas de riscos, inclusive de responsabilização penal e das multas da Lei Anticorrupção que variam de O,1% a 20% do faturamento bruto mensal, além de valorizar a imagem, a marca e a historia da empresa publica ou privada.

E como todos estes objetivos podem ser alcançados?

O primeiro requisito é o apoio irrestrito da alta administração.  O segundo é a análise de riscos.  Na sequência, construímos, juntamente com a organização, um bom código de ética. Associado a este documento, desenvolvemos políticas, procedimentos e registros aderentes, conectados e auditáveis. Também desenvolvemos um plano de comunicação e um treinamento muito forte e bem estruturado, com atividades que mobilizam 100% da organização. Em seguida, implementamos um canal de denúncia externo, autônomo, anônimo e independente que funciona como canal de ética.

Todos estes itens compõem o primeiro dos três pilares do Programa de Compliance,  voltado para a prevenção. O segundo é o pilar da identificação, também chamado de pilar da auditoria, investigação ou detecção. É quando criamos a equipe com investigadores e auditores e estabelecemos a rotina de identificação e conclusão das investigações. Já o terceiro e último pilar é o da resposta ou punição, voltado para a aplicação das medidas punitivas decorrentes das investigações. Ele é concluído com a realização, em caráter confidencial, de um julgamento de um comitê autônomo e independente chamado comitê de ética. Ao final do processo, a própria empresa passa a gerir o seu Sistema de Gestão de Compliance, que poderá ser auditado e certificado.

Uma estratégia dessas não pode afetar a ambiência da empresa, gerando um clima de tensão e desconfiança?

Pelo contrário. Quanto mais você previne, melhor você detecta e mais equilibradamente você pune, e quanto mais você pune com autoridade e equilíbrio, mais você alimenta a prevenção, gerando um ambiente de transparência. Em uma implantação bem feita, há uma investigação cuidadosa, sigilosa, silenciosa e um julgamento adequado, sob o manto da confidencialidade, que dá inclusive oportunidade para que o colaborador se torne um profissional melhor.  Investigação após investigação, a iniciativa ganha credibilidade e gera-se um ambiente que valoriza a responsabilidade e a honestidade. Estudos demonstram, inclusive, que este movimento pode resultar em melhoria da produtividade, porque o colaborador trabalha com mais alegria, satisfação, transparência, valorização, dignidade e responsabilidade.  O ambiente ético atrai talentos, gera ótima convivência e prosperidade,  e’ uma questão sociológica.