
Descomissionamento no Brasil: explorando seus desafios e oportunidades
O Brasil possui mais de 170 plataformas marítimas de produção de petróleo e gás, distribuídas ao longo de seu litoral. Destas, 55 unidades (50 fixas e 5 semissubmersíveis) têm mais de 25 anos de operação. Essas plataformas estão situadas nas bacias de Sergipe (P-23), Campos (P-16), Ceará (P-9) e Potiguar (P-7), com algumas delas atualmente inativas.
Com a vida útil média das plataformas marítimas variando de 20 a 30 anos, o Brasil apresenta um considerável potencial para atividades de descomissionamento de instalações de petróleo offshore.
O descomissionamento corresponde ao complexo conjunto de atividades destinadas a interromper, permanentemente, a operação das instalações, incluindo o abandono e selagem de poços, remoção de estruturas, descarte adequado de materiais, resíduos e rejeitos, recuperação ambiental da área e manutenção das condições de segurança da navegação local.
Apesar de ser uma prática mais frequente nos Estados Unidos e no Reino Unido, o Brasil já possui um histórico de projetos dessa natureza. Em 2021, foram removidas cinco plataformas: três estruturas fixas de Cação, no Espírito Santo, o FPSO Piranema Spirit, em Sergipe, e a unidade flutuante de produção P-15, na Bacia de Campos. Em 2022, a plataforma P-7 foi descomissionada, e em 2023 foi a vez da P-32, também na Bacia de Campos. Esta última foi a primeira unidade da Petrobras a adotar o modelo de destinação sustentável de embarcações. A Petrobras já havia feito este trabalho anteriormente nas plataformas P-12, P-27, P-34, FPSO Brasil, FPSO Marlim Sul e FPSO Cidade de Rio das Ostras, todas localizadas na Bacia de Campos.
A atividade apresenta vários obstáculos logísticos significativos. A regulamentação rigorosa, envolvendo múltiplas agências como a ANP, IBAMA e INMETRO, impõe um processo burocrático e demorado para obter as licenças necessárias. Além disso, a infraestrutura de transporte, particularmente em áreas remotas, é insuficiente, tornando complexa a movimentação de grandes equipamentos de plataformas offshore para unidades de tratamento em terra.
Os custos elevados do descomissionamento em águas rasas podem ser mitigados com uma gestão eficiente, que utiliza tecnologias avançadas, como as oferecidas pela Qualidados. O planejamento meticuloso e a coordenação entre operadores, reguladores, contratados e comunidades locais são essenciais para minimizar interrupções e atrasos, ao passo que a adoção de práticas sustentáveis e transparentes é crucial para mitigar impactos ambientais e sociais.
A Qualidados integra soluções inovadoras que facilitam o descomissionamento, garantindo eficiência e conformidade com as regulamentações ambientais e de segurança. Com a nossa solução em parceria com Cleopatra, todos os dados e documentos do projeto são centralizados em uma plataforma intuitiva, permitindo acesso facilitado e gestão integrada. Cronogramas detalhados, otimização de tarefas e recursos, acompanhamento em tempo real e identificação precoce de problemas são possibilitados, assegurando controle total do processo.
Do mesmo modo, a tecnologia Fiscal 4.0 da Qualidados facilita a gestão e monitoramento de fiscalização e comissionamento de projetos. Com programação digital e formulários personalizados, os gestores podem acompanhar mais facilmente o avanço dos serviços no campo e tomar decisões mais assertivas diante de alertas sobre desvios.
“O descomissionamento exige um planejamento muito bem-feito, porque, diante dos inúmeros serviços envolvidos, ganha quem tiver o melhor custo-benefício”, afirma Eduardo Aragon, CEO da BrainMarket.
Diante da agenda ESG, um novo modelo de descomissionamento é necessário, incorporando diversas iniciativas. Isso inclui a minimização de resíduos, controle de emissões de carbono e prevenção de impactos à biodiversidade. Também devem ser contempladas medidas para proteger a saúde dos trabalhadores envolvidos na reciclagem, respeitar compromissos de direitos humanos, garantir a eficiência do desmantelamento com a recuperação de materiais metálicos e não metálicos, e assegurar a destinação adequada de rejeitos. Além disso, tecnologias avançadas como diques secos e sistemas de drenagem eficazes são adotadas para evitar a contaminação ambiental. Um inventário prévio de materiais assegura a elaboração de planos de reciclagem adequados, enquanto a reciclagem segura de embarcações protege o meio ambiente e os trabalhadores nos estaleiros.
Em síntese, o descomissionamento representa um desafio complexo que exige planejamento meticuloso, coordenação eficiente e adoção de tecnologias avançadas. Apesar dos obstáculos logísticos e regulatórios, iniciativas como as da Qualidados estão demonstrando que é possível realizar esse processo de forma sustentável e eficaz. Ao integrar inovações tecnológicas e práticas transparentes, é viável mitigar impactos ambientais e sociais, ao mesmo tempo que se assegura a segurança dos trabalhadores e a conformidade com as normativas. O futuro do descomissionamento está na combinação de eficiência operacional com responsabilidade socioambiental, alinhado aos princípios da agenda ESG.
COELHO, José Mauro. Oportunidades do Brasil no Descomissionamento Offshore. Disponível aqui. Acesso em: 13 jul.2024.
CONGRESSO INTERNACIONAL DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE- SOBENA, 29. O Descomissionamento e Desmantelamento Como Oportunidades de Negócio, 2022, Rio de Janeiro.