Padronização das Práticas Para Gerenciamento de Riscos em Paradas de Manutenção
Autor: Weidson Calazans Freitas, Eng. Planejamento, Mosaic, Araxá/MG
Resumo:
A padronização das práticas de gerenciamento de riscos é a forma mais eficaz de garantir a aplicação das metodologias e dos métodos de uma empresa. Esse processo é fundamental em paradas de manutenção, pois garante a segurança, a eficiência e o sucesso de operações complexas num cenário de constante mudança. Um planejamento detalhado e a adoção de procedimentos padronizados ajudam a minimizar imprevistos, aumentar a assertividade, reduzir custos e prolongar a vida útil dos equipamentos, promovendo confiabilidade e melhora da reputação da organização.
1. Introdução
Uma parada de manutenção é a interrupção da produção de uma unidade industrial, parcial ou total, para que sejam realizadas intervenções de manutenção nos equipamentos e instalações. Antes da implementação, deve-se realizar um estudo de viabilidade para analisar o melhor momento, os benefícios esperados, os prazos limites e os impactos gerais. O gerenciamento de riscos é crucial nesse processo, pois paradas mal planejadas podem gerar atrasos, impactos na produção e, principalmente, colocar em risco a segurança dos trabalhadores. Para garantir um gerenciamento de riscos eficaz e de fácil entendimento, padrões normativos devem ser considerados. A padronização das práticas é guiada por diversas normas e diretrizes, tanto nacionais quanto internacionais. Dentre elas, destacam-se: Normas Regulamentadoras (NRs) e ABNTs (normas brasileiras); ISO 55000 (Gestão de Ativos), que fornece uma base para o controle de riscos em manutenções; PMBOK e ISO 31000, referências globais que conceituam as práticas para um bom gerenciamento de riscos em projetos. Um dos maiores desafios da gestão de riscos está na implementação das metodologias, principalmente no cenário de manutenção das indústrias brasileiras, que demonstram um grau de maturidade inicial. É nesse ponto que a padronização das práticas se torna fundamental, pois ela facilita a implementação das metodologias, orientando e fornecendo dados para as equipes envolvidas nos projetos.
2. Desenvolvimento
A padronização de metodologias para o gerenciamento de riscos em projetos de manutenção é crucial para aprimorar a eficiência, a consistência e a tomada de decisões nas organizações. A implementação desse processo não acontece de forma rápida, mas é um esforço contínuo que envolve planejamento, comunicação e, acima de tudo, a colaboração de todos os envolvidos. Isso parte de um objetivo claro, que deve ser disseminado por toda a equipe, exigindo a quebra de paradigmas e a mudança de alguns processos ao longo da jornada. Existem práticas que podem auxiliar na implementação de uma cultura global de gerenciamento de riscos. A primeira delas é a criação de um Comitê de Gerenciamento de Riscos. Esse comitê, composto por representantes de diferentes áreas (como gerentes de projeto, especialistas e alta gerência), terá a missão de definir os objetivos da padronização, os processos, seus responsáveis e as metodologias a serem aplicadas. Outra prática importante é a definição das ferramentas adequadas. Elas podem incluir workshops, análises qualitativas e quantitativas, auditorias, listas de verificação e softwares que otimizem a identificação, avaliação e o controle dos riscos. É fundamental que todos os envolvidos no controle e gerenciamento de riscos estejam treinados e cientes dos benefícios que uma boa gestão traz. Para isso, deve-se investir em capacitação e fomentar a comunicação contínua, onde a troca de informações é o principal ativo do grupo. A incorporação da padronização na cultura da empresa é uma prática com grande importância, pois sem ela o sucesso no longo prazo não será alcançado. Isso pode ser feito integrando o gerenciamento de riscos em todas as fases dos projetos, do planejamento ao encerramento. Por fim, a melhoria contínua reforça que o gerenciamento de riscos não é um evento único, mas um processo constante que requer feedbacks e ajustes recorrentes. Existem metodologias comprovadas e amplamente aplicadas na gestão de projetos que podem otimizar o gerenciamento e o controle de riscos, especialmente em paradas de manutenção. Algumas delas incluem: Análise SWOT, Kanban, Diagrama de Ishikawa, Matriz de Riscos, Last Planner System (LPS) e o Princípio de Pareto. Uma variedade de metodologias pode ser avaliada e ajustada para atender às necessidades de cada organização. No entanto, o ideal é não se limitar a apenas uma, mas também não utilizar muitas, para que a gestão de riscos não se torne massiva e desgastante. O Comitê de Gerenciamento de Riscos é responsável por definir quais metodologias melhor atendem às necessidades de cada projeto, além de como e quando elas serão aplicadas.
Figura 1 – Análise SWOT

Fonte: Meetime – Análise SWOT para vendas: o que é, por que fazer e como conduzir. Descrição: Quadro da análise SWOT, destacando sua sigla S – Strength (forças), W – Weakness (fraquezas), O – Opportunity (oportunidades) e T – Threats (ameaças).
Ao seguir essas práticas, as chances de se obter bons resultados na implementação de uma cultura de gerenciamento de riscos são muito altas. Isso traz benefícios tangíveis para as organizações, como a previsibilidade de ocorrências, a melhoria na comunicação das equipes, a simplificação da tomada de decisões, a otimização de custos e cronogramas, e um maior aprendizado organizacional.
3. Resultados e Benefícios
Além dos resultados iniciais, a implementação de uma cultura de gerenciamento de riscos e a aplicação de metodologias corretas proporcionam melhorias significativas para a organização. A prática constante leva à otimização operacional e financeira, além de uma maior previsibilidade em projeções futuras. O gerenciamento de riscos também se estende ao controle de riscos ambientais e sociais, que se tornaram cruciais para a reputação e sustentabilidade das empresas. Um dos maiores incrementos de valor é a criação de um banco de dados de conhecimento. Ao registrar e analisar os riscos e as respostas de projetos anteriores, a empresa constrói uma base de informações valiosa. Isso permite que projetos futuros sejam planejados com maior assertividade em relação ao escopo, custo, recursos e qualidade técnica, transformando a gestão de uma prática reativa para uma estratégia proativa e preditiva.
4. Conclusão
O artigo ressalta principalmente a importância de padronizar as metodologias voltadas ao gerenciamento de riscos em projetos, especialmente os de paradas de manutenção. Essa prática, embora seja desafiadora, é fundamental para o sucesso do empreendimento e para a segurança de todos os envolvidos. A criação do Comitê de Gerenciamento de Riscos é a etapa primordial no processo, pois é responsável por guiar todas as decisões, desde a capacitação das equipes até a implementação das metodologias. É essencial que a organização avalie as metodologias existentes no mercado e aplique aquelas que melhor atendam às necessidades do projeto. No entanto, à medida que a maturidade em gerenciamento de riscos aumenta, a própria organização pode desenvolver metodologias customizadas para atender suas demandas específicas.
5. Referências
Análise SWOT para vendas: o que é, por que fazer e como conduzir. Disponível em: https://meetime.com.br/blog/gestao-empresarial/analise-swot/. Acesso em: 02 de setembro de 2025.
Gestão de paradas de manutenção e a disponibilidade operacional. Engefaz Engenharia Ltda / Engefaz do Brasil Ltda • Mantido por Orlen Digital. Disponível em: https://www.engefaz.com/gestao-de-paradas-de-manutencao-e-a-disponibilidade-operacional/. Acesso em: 02 de setembro de 2025.
Gerenciamento de riscos em projetos. Ed. 4. Luiz Antonio Joia, Alonso Mazini Soler, Gisele Blak Bernat, Roque Rabechini Junior. FGV Editora.
Gerenciamento de Riscos em Projetos. Setembro, 2020 (1ª ed.) Frederico Haendel Neto. Material produzido pelo Centro de Formação dos Servidores e Empregados Públicos do Poder Executivo Estadual – CEFOSPE.
