Disponibilidade X Eficiência no processo. Quando usar?

Por: Kaio Majewski Monteiro
Engenheiro de confiabilidade da Qualidados Engenharia

É importante refletir sobre os resultados que algumas empresas apresentam quando mencionam eficiência ou disponibilidade, pois é necessário pensar que estas métricas de avaliação são extremamente comuns em análises confiabilidade, disponibilidade e mantenabilidade.

Este artigo vai demonstrar uma breve descrição de como a disponibilidade pode ser calculada e sua limitação. Contudo será abordada uma solução, chamada eficiência.

Pode-se pensar que esta situação pode ser aplicada a qualquer processo em que exista a possibilidade de trabalho em série ou paralelo.

Vamos considerar dois equipamentos (X e Y) posicionados em série, cada um produzindo 1 unidade/ hora, portanto a saída ideal em 100 horas será 100 unidades.

Segue o exemplo abaixo:

No sistema operacional demonstrado acima, o sistema teve 20 horas de downtime, devido às falhas de A e B. Portanto, a disponibilidade é:

Disponibilidade do sistema = tempo de funcionamento/ tempo total operacional

%D= (100-20)/100
%D = 0.8 ;

Entretanto, eficiência é o total de saída dividido pelo ideal, se o equipamento não falhar.

Eficiência = 80/100 = 0.8

Portanto, para um sistema em série, disponibilidade e eficiência são iguais.

Agora, vamos considerar um sistema que consiste em dois equipamentos (X e Y) em paralelo, cada um possui uma taxa de produção de 0.5 unidades/ hora, então a saída ideal será 100 unidades.

Quando em paralelo, o downtime será 0 horas.

Disponibilidade do sistema = Tempo de funcionamento/ tempo total
%D= 100/100 = 1

Mas existe o seguinte problema, devido à parada do equipamento A e B = 0.5 x 10 x 2 = 10 unidades deixaram de ser produzidas.

Eficiência = (100- 10)/100 = 0.9

Portanto, a disponibilidade deixou a impressão de que o sistema funcionou 100%, sendo configurado como perfeito!

Enquanto a métrica de eficiência demonstrou que ocorreu 10% de perda.

Portanto, este exemplo demonstra uma limitação de usar o termo disponibilidade para medir confiabilidade, quando seu sistema possui equipamentos em paralelo. Assim, Em toda situação com equipamento em paralelo com a disponibilidade, será fornecida uma visão otimista como se o sistema fosse saudável, mesmo tendo um componente não saudável.

Se o gerenciamento da produção é feito sobre performance do sistema, deve-se usar a eficiência. Com eficiência, pode-se antecipar perdas futuras, pois é possível estimar a perda percentual devido ao componente.

Conheça os impactos do avanço da tecnologia na gestão das comunicações em projetos

Por: Henrique Lisboa
Engenheiro de Planejamento – PMO

Nos últimos anos, o padrão de comunicação entre as pessoas envolvidas em projetos tem sido alterado de forma rápida e, na maioria das vezes, descoordenada devido às repentinas restrições causadas pela pandemia da covid-19 e pelos rápidos avanços tecnológicos em sistemas e aplicativos dedicados a esse tema. Somado isso ao fato de que um grande fator de insucesso em projetos é a comunicação, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, e projetos de parada de manutenção, o desafio de tratar esse tema de maneira correta é bem maior do que se enfrentava no passado.

Para entender melhor esse desafio, a seguir temos os elementos envolvidos na comunicação:

Figura 1: Visão geral dos elementos envolvidos na comunicação
  • Emissor e Receptor: São as pessoas, as partes interessadas dos projetos. Representam a origem e o destino da mensagem;
  • Código da comunicação (codificação/decodificação): é a linguagem, o idioma utilizado, bem como símbolos, siglas e outros termos técnicos;
  • Mensagem: é a real informação que se deseja transmitir através do meio escolhido;
  • Meio: ferramenta, sistema ou condição em que a mensagem é transmitida, difundida ou divulgada;
  • Resposta/Feedback: retorno do entendimento da mensagem, sendo também uma mensagem que passa pelo mesmo processo de codificação, meio e decodificação;
  • Ruído: interferência que distorce ou bloqueia a mensagem. Pode ser encontrado em qualquer um dos elementos da comunicação;
  • Contexto: é o estado emocional e/ou a cultura da pessoa, empresa ou projeto onde ocorre o processo de comunicação.

Quando desenvolvemos ou atualizamos o plano de comunicações dos projetos, esses elementos devem ser conhecidos e analisados para que as devidas ações sejam delineadas e o objetivo de evitar problemas na comunicação entre as partes interessadas seja alcançado. E com o rápido avanço das tecnologias e ferramentas, esse tema é ainda mais desafiador e não pode ser ignorado.

Falando sobre emissor e receptor, suas características pessoais vão variar em grande amplitude de acordo com as habilidades no uso de ferramentas e facilidade de adaptação a novas tecnologias. Isso se deve muito às diversas gerações trabalhando juntas e nem sempre essas características são levadas em conta no momento do planejamento.

Nesse mesmo sentido, o código utilizado nas mensagens, com siglas novas surgindo a todo o momento e linguajar técnico sendo utilizados com maior frequência, traz uma nova abordagem na orientação de como devemos nos comunicar.

Quando olhamos para o elemento “mensagem”, o que temos que observar é o volume imenso de dados e informações que temos à nossa disposição e, portanto, devemos ter a visão de que mensagens em excesso são prejudiciais.

“Das palavras, as mais simples. Das mais simples, a menor”
(Churchill)

Figura 2 Teleconferência – comunicação interativa

Dentre todos os elementos, o meio de comunicação foi o que mais avançou em termos de tecnologia. Aplicativos de mensagens instantâneas, em texto ou áudio, redes sociais, sistemas de chat e teleconferência (Figura 2), softwares de visualização interativa de dados e sistemas de divulgação proprietários são exemplos de como devemos estar antenados quanto aos meios de comunicação.

Falando sobre a resposta e feedback, algumas ferramentas nos apresentam as “confirmações de recebimento” ou “confirmações de leitura” que, ao contrário do que se pensa, não trazem o esperado entendimento pelo receptor.

Quanto aos ruídos, a capacidade dos recursos computacionais para suportar os avanços tecnológicos nem sempre será suficiente e certamente gera improdutividade no dia a dia. Como é o caso da disponibilidade e velocidade das conexões de internet, que tornaram-se de grande relevância e agora não podem ser, de forma alguma, negligenciadas.

Finalizando, o contexto em torno da comunicação tornou-se menos visível no dia a dia das mensagens instantâneas e teleconferências. Frases curtas, abreviadas ou sem pontuação e câmeras desligadas são exemplos que vivemos atualmente que ocultam essa avaliação. Se este não é evidenciado claramente num processo de comunicação, torna mais difícil identificar o “tom da conversa” do emissor que envia a mensagem e como o receptor a recebe. Em casos como este, a interpretação poderá ser equivocada.

Quando trabalhamos a visão geral de um bom planejamento, devemos extrapolar esses conceitos e exemplos para toda e qualquer forma de se comunicar. Sejam elas mensagens automatizadas de sistemas de gestão, “emoticons” utilizados em mensagens instantâneas, expressões corporais nas câmeras em videoconferências, elementos visuais e suas cores em relatórios e até mesmo em discursos das partes interessadas mais importantes. Também devemos trabalhar de forma inteligente o melhor método de se passar a informação, usando a comunicação interativa, ativa ou passiva que, em cada caso, deve ter seu formato discutido e definido.

Observando-se o ciclo completo da mensagem enviada e o seu retorno/feedback, apresentado na Figura 1, trazendo assim a visão de uma comunicação bidirecional, esta prática deve ser encorajada pela liderança e em treinamentos internos bem como aplicada nos diversos canais. Mesmo na comunicação passiva, onde aparentemente essa visão é unidirecional, devemos ter a visão de que o retorno/feedback deve ser recebido ou buscado. Por exemplo, a comunicação feita em memorandos internos, panfletos, ou cartazes deve ter seus mecanismos de avaliação de eficácia, podendo ser por meio de pesquisas informais ou formais, direcionadas ou por formulários.

Cada elemento tem o seu papel fundamental para a comunicação. Mas um deles é de especial importância quando estamos monitorando as comunicações: o ruído. Numa visão mais ampla, temos como exemplos a baixa qualidade das imagens ou gráficos apresentados em relatórios, frases escritas com duplo sentido, palavras faltando acentos ou letras, baixa estabilidade da conexão de internet, excesso de informações em dashboards e áudios com sons de fundo com volume alto. O que devemos observar nessa visão é a promoção da identificação das fontes de ruídos e então criar ações de controle para que não sejam geradas informações distorcidas. Como boas práticas temos a da obtenção do retorno do entendimento da mensagem pelo receptor (feedback), garantindo que seja confirmada a integridade da mensagem e a da utilização de bancos de dados únicos nos mais variados processos, evitando assim a duplicidade de informações.

A gestão da comunicação, quando abordada da forma ampla apresentada nos parágrafos anteriores, torna-se extremamente extensa e, portanto, desafiadora. Mas da mesma forma que os avanços da tecnologia trazem desafios, também trazem soluções.

Figura 3 Documento formal Plano de Gestão da Comunicação

As organizações devem se preparar cada vez mais para as constantes atualizações tecnológicas no seu dia a dia, sob o risco de não terem eficácia nas comunicações. Com o surgimento de aplicativos de coleta rápida de informações e que tem seus bancos de dados na nuvem, por exemplo, as informações são disponibilizadas mais rapidamente e a tomada de decisão será mais assertiva, bem como a eliminação de ruídos proveniente de várias fontes de informação. Como exemplos, temos os aplicativos em smartphones e os dashboards sendo cada vez mais utilizados de forma interligada e online, deixando para trás as comuns apresentações em slides com informações obsoletas.

O gerente de projetos, dentre suas funções de liderança, deve se dedicar ao tema da comunicação um pouco mais do que antes. Como base de conhecimento para isso, o “Guia PMBOK” apresenta diversos processos definidos para o gerenciamento das comunicações. Já sobre os métodos ágeis, temos a referência do “Manifesto Ágil” apresentando em seus valores a comunicação como instrumento essencial no desenvolvimento dos trabalhos, tanto nas interações entre indivíduos quanto na colaboração com o cliente. Após relacionar esse conhecimento com o que vivenciamos no cenário tecnológico atual, o planejamento poderá ser realizado com êxito.

Agora, resta colher os resultados de uma boa execução do plano de comunicações (Figura 3), mesmo sabendo que não é tão fácil medir o desempenho. Os indicadores indiretos e/ou secundários poderão nos mostrar, por exemplo, uma diminuição do retrabalho, a melhoria da produtividade e melhoria no clima organizacional. Mas, certo mesmo, é que será um esforço que valerá a pena.

Referências: Guia PMBOK, Manifesto Ágil, Metodologia Qualidados de Gestão de Paradas.

Indústria 4.0 e o indicador Wrench Time: uma abordagem sobre os avanços tecnológicos e as novas possibilidades de utilizar esse indicador de maneira mais assertiva.

Por: Bruno Assis
Coordenador de PDI da Qualidados Engenharia

Não é novidade que o setor de manutenção vem ganhando evidência e possibilitando diferenciais competitivos frente a um mercado cada dia mais globalizado e exigente.

A indústria 4.0 vem causando uma transformação nos processos das indústrias em geral, não sendo diferente com o setor de manutenção. Tecnologias como automatização, dispositivos interconectados, sensores, nuvem, gateways, big data e outros recursos do IoT, vêm possibilitando uma revolução na esfera da manutenção industrial e entregando cada vez mais valor às empresas.

Em busca de diferencial competitivo, essas indústrias investem, cada vez mais, para aperfeiçoar seus processos, descobrir ferramentas, modos que possibilitem reduzir desperdícios e, ao mesmo tempo, aumentem a produtividade e a qualidade.

Dentro desse universo que é a manutenção, o indicador de Wrench Time, traduzindo do inglês “tempo de chave”, ganha cada vez mais destaque. Com os avanços tecnológicos, atividades e ferramentas antes consideradas abstrusas, tornam-se pragmáticas e assertivas. O Wrench Time, também chamado de “Fator de produtividade”, é um dos principais indicadores para a Gestão da Manutenção, possibilitando entender como está o desempenho dos funcionários, qual é o tamanho dos desperdícios da sua operação e onde estão os principais gargalos.

E como o indicador de produtividade “Wrench Time”, aliado com novas tecnologias, pode suportar nesse processo de busca pela excelência operacional?

O Wrench Time é um indicador que revela o porcentual do tempo total em que um profissional da manutenção de fato gasta com atividades produtivas, ou seja, aquelas que agregam valor para a empresa e estão descritas em seu plano de manutenção. Desconsideram-se atividades, tais como, tempo de deslocamento, emissão de documentos, busca de ferramentas ou peças, reuniões, abertura de ordens, etc…

O desafio maior de controlar esse indicador não está no cálculo, mas em conseguir coletar os dados de forma assertiva.

Conforme apresentado na fórmula matemática abaixo, os cálculos para definir esse indicador são extremamente simples.

No entanto, os métodos tradicionais (sem recursos tecnológicos) utilizados pelas empresas não estão aptos a entregar praticidade e exatidão para monitorar esse indicador, e assim não existe uma robusta confiabilidade dos dados coletados. Seguem listados algumas dessas maneiras:

  • Entrevistar o funcionário

Ir ao Gemba e colher relatos dos funcionários sobre a atividade que realizou, buscando uma estimativa do tempo produtivo e ocioso de cada tarefa realizada.

  • Monitoramento visual

Esse método consiste em realizar um monitoramento visual dos colaboradores e registrar o tempo produtivo despendido em cada atividade.

  • Método estatístico

Aqui, se adota um grupo de amostragem maior. Entre os métodos adotados sem recurso tecnológico, esse é o que mais se aproxima da realidade, mas, mesmo assim, possibilita margens de erros consideráveis.

Com os exemplos acima, percebe-se que os modelos tradicionais adotados estão ultrapassados, e, de fato, apresentam baixa confiabilidade, potencializando, assim, entendimentos incorretos, tomadas de decisões equivocadas e investimentos mal alocados.

O surgimento de novos recursos tecnológicos vem transformando o controle do Wrench Time, possibilitando maior robustez e valor ao processo.  Está cada dia mais claro a sua importância e como um monitoramento bem-feito pode revelar pontos, antes imperceptíveis, de falhas na operação e suportar diretamente em um melhor entendimento de outros indicadores críticos, como, por exemplo, custos, homem-hora e backlog.

Além dos pontos já mencionados anteriormente, ter implementado um sistema tecnológico robusto do controle de Wrench Time poderá ainda entregar outros inúmeros benefícios.

Alguns exemplos abaixo:

  • Melhor entendimento sobre o desempenho do planejamento da manutenção;
  • Com um melhor entendimento do planejamento, é possível alocar melhor os investimentos e, com isso, diminuir custos e desperdícios;
  • Planejamento de qualidade reduz os tempos de espera;
  • Equipe de manutenção bem planejada e com boa performance viabiliza ativos de boa qualidade, o que possibilita melhor produtividade e capabilidade de processo;
  • Redução de ações corretivas, focando em manutenções preventivas;
  • Dados confiáveis possibilitam medições assertivas, consequentemente bons ciclos de melhoria contínua.

Apesar dos pontos positivos, é preciso atenção em relação à qualidade. Mesmo atingindo bons níveis do indicador de produtividade, se as entregas forem de baixa qualidade, o processo não pode ser considerado eficaz.

Estudos revelam que o valor referente ao Fator de Produtividade no Brasil está entre 12 e 25%. Nota-se que é uma fração muito pequena do trabalho de um funcionário da manutenção que é gasto com atividades que agregam valor para a empresa. Diante dos números revelados nesses estudos, percebe-se que temos um mundo de oportunidades a serem exploradas que permitirão ao Brasil atingir índices que impulsionem a produtividade do país, tais como investimentos no ambiente fabril, melhorias de processo, capacitação de mão-de-obra e o mais importante: desenvolvimento tecnológico.

Conclui-se assim que, em mercados altamente competitivos, empresas se veem obrigadas a investir em seus diferenciais. É imprescindível flexibilidade, estar aberto às mudanças e o principal: estar atento às novas tecnologias que possibilitem identificar e corrigir falhas rapidamente, gerando maior valor aos negócios e possibilitando aprender muito com esse processo.

QualiDados. Engenharia com Tecnologia

Uma abordagem sobre o setor de manutenção nas Indústrias 4.0 e 5.0

Indústria 4.0 e Sociedade 5.0 estão ganhando atenção dos negócios, pois vários paradigmas e contradições estão deixando todos preocupados.

Por: Kaio Majewski Monteiro
Engenheiro de confiabilidade da Qualidados Engenharia

A chegada da indústria 5.0 não substitui tudo que se conhece da 4.0 e tão pouco a torna obsoleta. A principal ideia da indústria 5.0 é usar a tecnologia desenvolvida na indústria 4.0 e se beneficiar do comportamento humano. A manutenção na indústria 4.0 tem algumas implicações na organização e forma de gerenciamento. Com toda a informação e digitalização, existe a necessidade de um ambiente virtual totalmente seguro e efetivo, com segurança da informação. Os softwares que atendem as indústrias ainda são caros e às vezes de difícil acesso e conhecimento. Portanto, nasce a necessidade da consultoria para casos de curto e longo prazo de utilização dos mesmos.

Entretanto, toda estratégia industrial deve ser pensada e aprovada a nível gerencial, mesmo quando tratadas digitalmente, pois existem custos e valores atrelados a estas decisões. Um grande passo para adaptação e correta utilização dos softwares e sistemas em rede será a integração da sociedade 5.0, que consiste na valorização e parceria do ser humano com os equipamentos.

A indústria 4.0 mostra grandes avanços tecnológicos enquanto a 5.0 mostra que a tecnologia não é tudo. Alguns objetivos da indústria 5.0 é a aproximação do humano com a máquina, com ênfase nas interações humanas. Segurança e conforto passam a ser mais visadas, enquanto os serviços tecnológicos permitem o aumento de produtividade e serviço na área industrial sem impactar o ser.

Mas um ponto de atenção é que os processos industriais, de forma geral, estão exigindo maior assertividade em resultados de inspeção, manutenção, planejamento e gestão. Grande parte destes resultados, atualmente, é transformada, por exemplo, em indicadores e informações vindas de sistemas integrados.

Com o advento da indústria 4.0 a utilização de sensores inteligentes, internet das coisas e armazenamento em nuvem passaram a ser tópico principal em todas as indústrias. Neste momento da evolução, todos os objetos físicos e virtuais dentro de um ambiente industrial passam a estar conectados.

Alguns setores industriais estão na revolução 4.0 enquanto a sociedade migra para o 5.0, onde tudo já se apresenta de forma conectada e com interação do ser humano. Um exemplo visível são as centenas de drones que iluminaram o céu de Tóquio durante as olimpíadas. O Japão possui uma integração profunda da tecnologia incluindo inteligência artificial, robótica e big data.

A sociedade 5.0 retira o medo causado pela indústria 4.0, que antes era digitalizada e gerava polêmica em torno da substituição do homem pela máquina. A indústria 5.0 traz a união e sinergia do homem com a máquina.

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O ganho da manutenção é percebido pelo avanço da tecnologia. Atualmente, a função manutenção é garantida pela disponibilidade de equipamentos com apoio de tecnologias, robôs autônomos, simulações, internet das coisas, aprendizado de máquinas, computação em nuvem, big data e realidade aumentada.

Com o apoio dessas ferramentas, a manutenção tende à redução de corretiva e melhoria no gerenciamento de ativos, pois, na mesma medida que aumenta o controle da manutenção, deve-se aumentar o conhecimento técnico para apoio. Assim, a pirâmide de gestão fica mais estruturada internamente, permitindo a suportação da gestão de ativos.

Com a necessidade de treinamentos e evolução profissional, a manutenção passa a ser mais integrada, de forma trazer a manutenção, engenharia de manutenção, confiabilidade, projeto e gestão para o mesmo nível e mesmo foco.

A manutenção baseada em condição é apoiada por todos os aspectos mencionados acima e totalmente apoiada pela indústria 4.0 e inserida na 5.0. Através de análises de equipamentos, seleção de dados e processamento adequado será feita a modelagem para apoio a uma decisão. Dessa forma, muito mais que uma revolução em si, é a possibilidade de agregar valor e tornar as decisões gerenciais mais rápidas e práticas, pois em toda mudança de padrão existe a possibilidade de atuação.

Contudo, a manutenção preditiva tem sido uma das prioridades da indústria desde que a falha de ativos críticos é extremamente impactante no risco operacional. A manutenção preditiva é indispensável no aspecto de indústria 4.0. Ela está além das corretiva e preventiva.

A manutenção no contexto da indústria 4.0 é totalmente estratégica. Ela utiliza o histórico de informações em tempo real a fim de detectar futuras anomalias e comportamentos dos equipamentos para apoiar na previsibilidade da “saúde do equipamento” e possíveis modos de falha

Em adição, por outro lado, devido às interpretações e definições, a manutenção preventiva deve ser baseada em manuais ou no tempo estimado entre falhas, enquanto a manutenção corretiva é a consequência da quebra ou falha.

Um ponto de mudança e estratégico da indústria é o que pode ser chamado de machine learning da inteligência artificial (MLAI), ou seja, aplicação da manutenção focada nos padrões comportamentais dos equipamentos. Isso permite a exclusão de modelos matemáticos que antes eram usados em preventivas e preditivas. Abrindo, dessa forma, a possibilidade para uma atuação em qualquer momento do ativo.

Independentemente do tipo de manutenção e ferramentas, o que a maior parte da manutenção preza é o prolongamento de vida útil, redução dos custos de manutenção, redução do downtime, aumento de capacidade técnica do time de especialistas, supervisores e manutentores, assim como otimização do processo de produção e dos recursos para apoio a manutenção.

Mas, sabendo que todo esse avanço está acontecendo muito rápido, claramente partimos do pressuposto de que existem algumas situações que devem ser de conhecimento básico como a curva PF.

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A curva PF representa o comportamento do ativo antes da falha funcional ter ocorrido. Mostra que a condição do equipamento sofre declínio ao longo do tempo até ocorrer a falha funcional. Logo, podemos interpretar esta falha como um processo. A manutenção corretiva ocorre logo após a falha funcional, enquanto a preventiva está baseada em intervalos específicos para evitar a falha funcional. Com a indústria 4.0, a manutenção preditiva maximiza o intervalo PF para o inicio da degradação, ou seja, onde inicia a curva, mas somente com o emprego de tecnologias pode-se observar e prever possíveis sintomas antes dos mesmos se tornarem visíveis aos humanos. Moubray, afirma que técnicas de monitoramento de condições podem ser efetivas quando usadas apropriadamente, mas quando usadas incorretamente, podem ser caras e gerar perda de tempo.

Conclui-se, dessa forma, que, mesmo que as revoluções 4.0 e 5.0 estejam acontecendo e as manutenções e inspeções estejam avançando com a tecnologia e se apoiando nas possibilidades geradas por elas, é necessário que o conhecimento básico de ferramentas e conceitos sejam disseminados e as pessoas se beneficiem de crescimento técnico para o apoio ao desenvolvimento.