Metodologia AWP: saiba o que é e os benefícios que pode trazer para o seu projeto

Henrique Lisboa
Engenheiro de Planejamento PMO
PMO e Centro Técnico

O uso de novas tecnologias, sistemas, metodologias e ferramentas tornou-se imprescindível para suportar o crescimento, nos últimos meses, dos investimentos em projetos de capital (ou projetos CAPEX). E quando falamos em grandes investimentos em projetos, todo esforço para o aumento da produtividade e do retorno sobre o investimento deve ser trabalhado.

Assim, entra em cena a metodologia “AWP – Advanced Work Packaging”, ou Planejamento de Pacotes de Trabalho, como um conjunto de conhecimentos e práticas para otimizar o trabalho de planejamento e construção, trazendo previsibilidade, agilidade e ganhos em prazo e custo, consequentemente melhorando os indicadores de ROI, TIR e Payback dos projetos.

Uma pesquisa conduzida pelo Construction Industry Institute (CII) descobriu que os projetos que utilizaram AWP diminuíram o custo total de instalação em até 10% e aumentaram a produtividade na obra em até 25%. Além disso, ainda segundo o CII, alguns benefícios e valores podem ser percebidos, como:

  • Melhor conscientização e desempenho de segurança
  • Custo reduzido por meio de maior produtividade da mão de obra
  • Envolve a construção durante os estágios iniciais
  • Melhor construtibilidade
  • Melhor previsibilidade geral do projeto
  • Planejamento antecipado aprimorado
  • Melhor alinhamento entre as partes interessadas
  • Melhor retenção de pessoas devido ao engajamento aprimorado
  • Mais tempo para a supervisão efetivamente supervisionar
  • Administração interna melhorada
  • Melhor acompanhamento do progresso
  • Melhor qualidade da execução
  • Melhor sequência de entrega final

Em 2015, o CII reconheceu a metodologia AWP como uma boa prática na gestão de projetos na indústria. Em 2017, iniciou-se a disseminação global dessa prática e, desde então, temos um crescimento considerável da sua utilização em projetos e de empresas e profissionais habilitados a gerenciá-los.

A metodologia consiste em uma nova visão de todo o ciclo de vida do projeto. É um processo de entrega de projetos orientada à construção que adota a filosofia fundamental de “começar com o final em mente”. Trazemos para o início do ciclo de vida do projeto a construção e a construtibilidade, ou seja, todo o desenvolvimento tem como base a visão de como será efetivamente construído, sendo realizado num ambiente colaborativo entre as áreas de engenharia, suprimentos, construção e comissionamento.

Nessa metodologia o uso de siglas e de codificação das entregas é regra a ser seguida e, por esse motivo, são apresentadas na Tabela 1, juntamente com uma tradução livre para facilitar a leitura e entendimento.

A seguir, na Figura 1, a estrutura da metodologia é apresentada, explorando processos e conceitos.

A fim de atingir os ganhos propostos pela metodologia, as organizações precisarão de uma adaptação dos processos existentes para absorção dessa filosofia. A metodologia AWP, com sua estrutura organizada, codificada e processual, demanda um processo de implantação estruturado e pode incluir até mesmo uma mudança na cultura da gestão de projetos. Os diversos níveis organizacionais devem ser envolvidos e, portanto, um planejamento estratégico deve abordar esse tema.

A Qualidados se prepara cada vez mais para entender e atender nossos clientes nos desafios da utilização da metodologia AWP na gestão de portfólio, programas e projetos. Esse é o compromisso para que nossos clientes possam alcançar o sucesso na implantação e utilização dessa metodologia e realizar os consequentes ganhos nos seus projetos.

 


 

Henrique Lisboa: Atua como Engenheiro de Planejamento no PMO (Escritório de Projetos), é formado em Engenharia de Controle e Automação pela PUCMinas (2006), pós-graduado em Gerenciamento de Projetos pela FDC (2010) e obteve certificação PMP (2012). Atua com gerenciamento de projetos desde 2007, atuando em diversas fases, portes e complexidades de projetos em diversos segmentos e domina o Primavera P6. Como paixão, hobby e empreendedorismo tem também a fabricação de cerveja artesanal.
Linkedin: https://br.linkedin.com/in/henriquecplisboa

O que as transformações digitais bem-sucedidas têm em comum?

Confira as dicas da consultoria Mckinsey & Company para as empresas de Engenharia e Construção.

Em todo o mundo, as empresas de Engenharia e Construção estão correndo atrás de soluções em tecnologia da informação e comunicação que sejam capazes de alavancar a sua produtividade. Mas afinal de contas, o que as transformações digitais bem-sucedidas têm em comum?  Em que as empresas do setor devem ficar atentas na hora de investir nesta área? As cinco dicas abaixo foram elaboradas a partir do conteúdo de um artigo publicado em agosto deste ano pela consultoria internacional Mckinsey & Company.  Para consultar o texto original – assinado por pesquisadores de vários países – você pode acessar aqui.

  1. Foque na solução de problemas, não na instalação de softwares

Em todo o mundo, as empresas de Engenharia e Construção estão atualizando e substituindo seus sistemas de gestão internos obsoletos por novos, para aumentar a produtividade. No entanto, às vezes a empresa se concentra demais nas soluções em TI, buscando o avanço da tecnologia como um fim em si mesmo e optando por uma ferramenta antes mesmo de saber se e como ela ajudará a aprimorar as suas operações. Para aumentar a chance da tecnologia digital fazer diferença positiva no seu negócio, o ideal é, em primeiro lugar, identificar as mudanças operacionais necessárias para aprimorar o desempenho da empresa, e só então, eleger a solução capaz de promover esta mudança.

  1. Opte por soluções digitais que promovam a colaboração

Às vezes, as empresas de Engenharia e Construção optam por soluções digitais que se aplicam a apenas uma atividade ou negócio.  Em geral, o objetivo é evitar que a implantação torne-se muito complexa.  Com isso, no entanto, perde-se uma oportunidade valiosa de conter as perdas de eficiência que ocorrem quando informações não são transmitidas de forma efetiva durante passagens entre operações e funções. A dica então é dedicar atenção especial a atividades que envolvem várias áreas e grupos de trabalho, projetando funcionalidades que facilitem a interação.

  1. Requalifique e reestruture suas equipes de engenharia

As tecnologias digitais introduziram mudanças profundas nos projetos de engenharia. Neste novo cenário, a capacidade de conceber um design original pode ser tão importante quanto a habilidade de utilizar ferramentas do chamado design generativo, que usa recursos como algoritmos de inteligência artificial e computação em nuvem. A aplicação dessas técnicas demanda que os profissionais não só desenvolvam habilidades técnicas como exercitem novas formas de atuar. As empresas de Engenharia e Construção devem criar condições para a que suas equipes adotem sistemáticas de trabalho sintonizadas com as possibilidades abertas pela digitalização.

  1. Garanta que a solução digital vai agregar valor ao seu negócio

É comum ouvir de executivos do setor de Engenharia e Construção que os ganhos de produtividade obtidos com a digitalização tiveram pouco impacto nos seus resultados financeiros porque a economia obtida não compensou o custo da implementação de novos softwares.  Isto ocorre quando surgem flutuações durante a operação sem que sejam realizados os ajustes necessários. Um exemplo: uma ferramenta digital pode ajudar a acelerar o serviço, reduzindo defeitos e retrabalho. Mas se a força de trabalho não for redimensionada ou transferida para outras atividades, a equipe acabará esperando durante o tempo que gastaria em retrabalho, e os custos ainda serão acumulados

  1. Multiplique o impacto da transformação digital em toda a empresa

Numa empresa de Engenharia típica e descentralizada, é comum que os líderes das unidades de negócio se concentrem em otimizar projeto isolados, enquanto negligenciam soluções mais amplas, baseadas na padronização de ferramentas e plataformas digitais e no compartilhamento de dados entre os projetos. Um exemplo positivo, nesse caso, é o da solução adotada por uma empresa para racionalizar a aquisição de materiais para montagem de painéis de isolamento.  A visão dos itens adquiridos pela corporação como um todo possibilitou à empresa reduzir custos ao definir especificações padrão e agregar os pedidos realizados por suas diferentes unidades.

Rumo ao futuro da construção

Estudos apontam a digitalização como chave para alavancar a produtividade de um dos maiores e mais tradicionais setores da economia.

A indústria da construção emprega cerca de 7% da população em idade ativa e é um dos maiores setores da economia, com US$ 10 trilhões gastos anualmente em bens e serviços relacionados à construção. Em contrapartida, a produtividade do setor, globalmente, cresceu apenas 1% nas últimas duas décadas, comparada com um crescimento de 2,8% da economia global e 3,6% da indústria de manufaturados.  E a solução para esta baixa produtividade pode estar na adesão às novas tecnologias da informação e comunicação. Não por acaso, o setor está entre os menos digitalizados, no mundo inteiro.

O diagnóstico acima foi extraído de estudos publicados pela empresa de consultoria empresarial americana McKinsey & Company (leia mais aqui).  Ainda segundo a mesma consultoria (ver aqui), os gastos com pesquisa e desenvolvimento, assim como os com tecnologia da informação, respondem cada um por menos de 1% da receita do setor.

Os reflexos para a eficiência na prestação de serviços são visíveis: também de acordo com a Mackinsey, projetos grandes costumam ser executados num prazo 20% maior do que o planejado e concluídos com orçamento até 80% acima do previsto. Outro problema comum é a falta de coordenação entre o escritório e o campo, com o planejamento do projeto ainda hoje sendo executado, com frequência, em papel.

Oportunidades – Autor de um artigo sobre o tema publicado na última edição da revista O Empreiteiro, o diretor técnico da Qualidados Luiz Henrique Costa chama atenção para as oportunidades que este cenário oferece ao futuro do setor. “A partir do momento em que abraçarmos a cultura da inovação, que começarmos a tirar proveito das tecnologias já disponíveis no mercado, a tendência será de aumento da produtividade e otimização dos resultados, com ganhos em custo, prazo e qualidade”, afirma o executivo.

Como exemplo, ele cita a experiência da própria Qualidados. Há mais de 25 anos no mercado de gerenciamento de projetos, obras e paradas de manutenção, a empresa começou a sistematizar e implementar em 2014 um sistema de gestão de inovação baseado nas melhores práticas e ferramentas do mercado. “O envolvimento da alta direção e o investimento contínuo em cultura de inovação levaram a melhorias de processos e têm nos permitido lançar, uma vez ao ano, soluções inovadoras para nossos clientes nas áreas em que atuamos”, relata Luiz Henrique.

Para a também diretora da Qualidados, Jane Carvalho, o grande desafio para o futuro da Construção está na mudança de mindset, de mentalidade. “Somo um setor antigo, tradicional e um princípio básico da inovação é de que é preciso se permitir fazer coisas novas. Quando as lideranças aderem a esta mentalidade, o resto vem naturalmente”, afirma.