Gestão Estratégica no novo mundo BANI

Por: Elane Araújo, coordenadora de Qualidade e Tairone Freire, analista de Qualidade.

Um novo mundo advindo da pandemia e que ainda está em mudanças. Ouve-se falar em muitos meios sobre as transformações que a sociedade e o homem terão com a Era do Conhecimento e, associada a ela, o novo Mundo BANI.

E o que significa tudo isso e Mundo BANI?

Para falarmos de BANI se faz necessário voltar alguns anos e recordar que estávamos no mundo VUCA (sigla para Volatility – volatilidade, Uncertainty – incerteza, Complexity – complexidade e Ambiguity – ambiguidade), um termo muito usado para descrever um cenário de incertezas e para mostrar como as mudanças têm ocorrido com maior rapidez no mercado. A partir disso, e todo o contexto que veio à tona de forma abrupta com a pandemia, surgiu o Mundo BANI.

BANI! Este conceito surgiu em 2020 através de Jamais Cascio, antropólogo norte-americano. BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible — Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível).

Para as empresas, a fragilidade está exatamente nas incertezas do mercado e o quanto elas estão expostas aos riscos e, nesse sentido, se dá a importância de antecipação e uma gestão de risco sistêmica.

Seguindo nesse caminho, percebe-se uma sociedade cada vez mais ansiosa em decorrência da fragilidade apontada acima. As pessoas estão mais doentes, e consequentemente as empresas também, afinal elas são feitas de pessoas. Nesse contexto, a necessidade de um olhar mais aprofundado às pessoas, um cuidado direcionado para tratamento dessa ansiedade que invade as casas e empresas, a cada notícia ou até mesmo lançamento de uma nova tecnologia ou produto; todos são tomados por um excesso de dados e informações, diariamente, trazendo mais incompreensibilidade.

Uma outra visão da não linearidade é voltada à preocupação com a estratégia de que não se pode ter planos muito detalhados e a longo prazo. A nova realidade pede uma atenção na questão do tempo e o pensamento no “erre e corrija rápido”. As organizações passaram a ter planejamentos com prazos mais curtos e assertivos, associando-se às ferramentas de gestão ágil e investimentos em tecnologias que possam suportá-la na análise de dados de forma preventiva e mais segura.

Podemos citar ao menos quatro soft skills essenciais para que as pessoas, principalmente líderes, sejam protagonistas desse novo mundo:

  • Autoconhecimento: conhecer a si próprio, suas vulnerabilidades, qualidades para atuar sobre elas e interagir com o meio e no controle das emoções;
  • Empatia: transformar as lideranças em pessoas capazes de reconhecer fragilidades, atentas aos sinais de ansiedade nas equipes para gerar propósito e, assim, melhores resultados;
  • Resiliência: para adaptação às mudanças, superação de adversidades. Líderes resilientes promovem equipes capazes de lidar com seus erros como forma de aprendizado e superar desafios;
  • Lifelong learning: o aprendizado como a chave para a transformação das empresas e pessoas, e assim, a ideia de aprender por toda a vida.

Diante desta realidade, as empresas precisam tratar pessoas como principal ativo e a liderança deve guiá-las para transpor estas barreiras.

Assim, a Gestão Estratégica será base para impulsionar a empresa, estabelecendo diretrizes, planejando e determinando ações para todos. Um olhar atento às novidades de mercado, ferramentas ágeis, desenvolvimento de processos e pessoas e, a capacidade analítica para tomada de decisão farão diferença nesse novo mundo.

Equipe da Qualidade

O que 2020 nos ensina?

Perguntamos a lideranças da Qualidados quais os principais desafios e lições aprendidas em 2020. Veja o que eles responderam:

“Em março, quando nos deparamos com a pandemia, havia uma preocupação muito grande de que uma diminuição na demanda dos contratos nos obrigasse a desmobilizar recursos. De fato, quase 20% do nosso efetivo chegou a ser desmobilizado.  Mas houve um esforço enorme de adaptação e negociação com os clientes que evitou mais redução de pessoas, com participação importante dos gerentes de negócio.  Este foi o nosso maior desafio. Confesso que não esperava que conseguíssemos vencer tantos obstáculos, chegando a mobilizar quatro novos contratos em plena pandemia. A lição que fica, mais uma vez, é a da unidade, do trabalho, do esforço coletivo e de que é preciso ter tranquilidade para enfrentar os problemas, pois os desafios são vencidos dia após dia, momento após momento.”

Claudio Freitas, sócio-diretor

“Enfrentamos uma mudança de cenário inesperada para atender a uma demanda de trabalho totalmente diferente. Foi preciso todo um trabalho de logística, organização e gestão deste processo de mudança – além de criar uma infraestrutura e adaptar as pessoas a esta nova forma de trabalho – para que conseguíssemos chegar a um ponto de equilíbrio e continuar atendendo nossos contratos, produzindo e gerado os resultados necessários para ultrapassar o ano de forma sustentável, nos preparando para ingressar em 2021 de modo mais organizado e prontos para a retomada”.

Maurício Simões, sócio-diretor

“O maior desafio foi mesmo a adoção do trabalho remoto, com adaptação de processos, procedimentos, pessoas, ferramentas e estrutura.Apesar do distanciamento e de algumas limitações iniciais de conexão, infraestrutura nas residências e experiência com home office, conseguimos manter o nível operacional da empresa. Como lição, ficaram a demonstração da capacidade de adaptação dos nossos colaboradores, a consciência do nível de maturidade dos nossos processos e, principalmente, a certeza de que o teletrabalho pode trazer bons resultados quando associado a um programa de acompanhamento da produtividade”.

Luiz Henrique Costa, sócio-diretor

“Nosso principal desafio foi nos adaptarmos às mudanças impostas pela pandemia, que nos obrigaram a tomar decisões mesmo em um cenário de muitas incertezas. Esta experiência, por outro lado, nos ensinou a ter mais coragem para tentar o novo e fazer diferente”.

Jane Carvalho, sócia diretora

“Mobilizar o home office sem um amparo legal claro e atender em tempo célere as demandas ocorridas foram nossos grandes desafios ao longo do ano, nosso grande aprendizado”

Daniela Santos, coordenadora administrativa

“Dois mil e vinte foi um ano de muitos desafios e rico em aprendizado Após 27 anos acostumada com as dificuldades e benesses do trabalho presencial, a Qualidados teve que se transformar rapidamente em uma empresa descentralizada e com responsabilidades delegadas. Exercitamos diariamente a confiança e empatia e, após nove meses de teletrabalho, o saldo é extremamente positivo. Mantivemos nossas atividades, fechamos novos contratos e entregamos valor aos clientes. Agora, a Qualidados chega a 2021mais madura, flexível e ágil”.

Dino Porto, coordenador de TI

“O ano de 2020 exigiu da Qualidados a força necessária para provar tudo aquilo que ela sempre foi:  uma família unida, brava, lutadora e com metas bem definidas para enfrentar qualquer tipo de desafio”.

Marconi Motta, assessor jurídico

“O principal desafio foi planejar e executar a estratégia em tempos de incerteza. Ainda não sabemos qual será o impacto da pandemia, e muito menos a sua duração. A lição é de que temos que realizar ações preventivas, exercitar a flexibilidade e a capacidade de reação”.

Alessandro Fernandes, gerente de negócios

“Conseguimos superar as dificuldades provocadas pelo trabalho em home office, graças à cooperação de todos os colaboradores.  Mesmo com os desafios da pandemia, garantimos o atendimento aos clientes, realizando as entregas sem perda de qualidade nem prazo, e ainda conseguimos conquistar novos clientes”.

Marco Carvalho, coordenador financeiro

“Naminha opinião, o maior desafio foi aprender de forma acelerada a trabalhar remotamente, adaptando nossos processos para esta nova modalidade. A lição que fica é de que, com vontade e competência, a gente consegue tudo que almeja”.

Getúlio Botelho, gerente de negócios

“Manter a cultura organizacional e o engajamento do time foi o principal desafio das lideranças em 2020, diante da distância compulsória provocada pela pandemia. A troca de ideias no café, o dinamismo e a energia de um time ficam prejudicados quando dispomos apenas das ferramentas de comunicação à distância”.

Everaldo Sena, gerente comercial

“Nosso maior desafio foi atender às exigências de uma adaptação rápida ao contexto de uma nova modalidade de trabalho, desenvolvendo novas formas de gestão da equipe. A lição que fica é de que, com foco, organização e disciplina, conseguimos atingir os objetivos esperados.Tudo isso só foi possível também com atenção à qualidade da comunicação, já que a distância exigiu ainda mais o espírito colaborativo e de trabalho em equipe”.

Luciana Vasconcelos, coordenadora de SMS

“O principal desafio foi estimular o engajamento das pessoas e disseminar o espírito de responsabilidade para com a realização das entregas, mesmo em um cenário de apreensão e incertezas. Acredito que a lição que tiramos deste novo normal é de que será possível manter alguns processos inovadores de trabalho adotados por conta da pandemia. Os desafios pelos quais passamos foram também uma oportunidade para reafirmar o clima harmônico e colaborativo que faz parte da nossa cultura”.

Raquel Melo, coordenadora de RH

“A adequação muito rápida ao home office foi o nosso grande desafio. A princípio, o modelo provocava alguma resistência, mas com a Covid-19, todos tiveram que se adaptar de forma ágil, e tanto lideranças quanto liderados corresponderam muito bem às expectativas. Para mim, a lição que fica é de que devemos estar sempre atentos às oportunidades que o mercado oferece, principalmente no que diz respeito a novas formas de trabalho”.

Elane Araujo, coordenadora de Qualidade

Rumo ao futuro da construção

Estudos apontam a digitalização como chave para alavancar a produtividade de um dos maiores e mais tradicionais setores da economia.

A indústria da construção emprega cerca de 7% da população em idade ativa e é um dos maiores setores da economia, com US$ 10 trilhões gastos anualmente em bens e serviços relacionados à construção. Em contrapartida, a produtividade do setor, globalmente, cresceu apenas 1% nas últimas duas décadas, comparada com um crescimento de 2,8% da economia global e 3,6% da indústria de manufaturados.  E a solução para esta baixa produtividade pode estar na adesão às novas tecnologias da informação e comunicação. Não por acaso, o setor está entre os menos digitalizados, no mundo inteiro.

O diagnóstico acima foi extraído de estudos publicados pela empresa de consultoria empresarial americana McKinsey & Company (leia mais aqui).  Ainda segundo a mesma consultoria (ver aqui), os gastos com pesquisa e desenvolvimento, assim como os com tecnologia da informação, respondem cada um por menos de 1% da receita do setor.

Os reflexos para a eficiência na prestação de serviços são visíveis: também de acordo com a Mackinsey, projetos grandes costumam ser executados num prazo 20% maior do que o planejado e concluídos com orçamento até 80% acima do previsto. Outro problema comum é a falta de coordenação entre o escritório e o campo, com o planejamento do projeto ainda hoje sendo executado, com frequência, em papel.

Oportunidades – Autor de um artigo sobre o tema publicado na última edição da revista O Empreiteiro, o diretor técnico da Qualidados Luiz Henrique Costa chama atenção para as oportunidades que este cenário oferece ao futuro do setor. “A partir do momento em que abraçarmos a cultura da inovação, que começarmos a tirar proveito das tecnologias já disponíveis no mercado, a tendência será de aumento da produtividade e otimização dos resultados, com ganhos em custo, prazo e qualidade”, afirma o executivo.

Como exemplo, ele cita a experiência da própria Qualidados. Há mais de 25 anos no mercado de gerenciamento de projetos, obras e paradas de manutenção, a empresa começou a sistematizar e implementar em 2014 um sistema de gestão de inovação baseado nas melhores práticas e ferramentas do mercado. “O envolvimento da alta direção e o investimento contínuo em cultura de inovação levaram a melhorias de processos e têm nos permitido lançar, uma vez ao ano, soluções inovadoras para nossos clientes nas áreas em que atuamos”, relata Luiz Henrique.

Para a também diretora da Qualidados, Jane Carvalho, o grande desafio para o futuro da Construção está na mudança de mindset, de mentalidade. “Somo um setor antigo, tradicional e um princípio básico da inovação é de que é preciso se permitir fazer coisas novas. Quando as lideranças aderem a esta mentalidade, o resto vem naturalmente”, afirma.