As inovações que vêm por aí

Impulsionada pela pandemia, a indústria 4.0 nunca esteve tão em alta.

Inovar nunca foi tão necessário. Em julho deste ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um levantamento do Instituto FSB Pesquisa com executivos de 402 empresas industriais de grande e médio porte de todo o país. Oitenta e três por cento deles afirmaram que precisarão de mais inovação para crescer ou mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia.

O resultado não surpreende. Com operações afetadas pela pandemia, as indústrias se voltaram para soluções de tecnologia e inovação em busca de alternativas para garantir continuidade operacional sem comprometer a saúde e o bem-estar dos colaboradores. Foi assim que a Covid-19 se transformou em grande impulsionadora da indústria 4.0, tornando mais urgente o interesse pelos avanços em campos como inteligência artificial, análise de dados, machine learning e automação.

Sintonizada com esta tendência, a CNI lançou recentemente, em parceria com a empresa global de inovação aberta SOSA, um relatório com o mapeamento de 50 startups de destaque a nível internacional, que desenvolvem tecnologias úteis para ajudar o setor industrial a superar os desafios trazidos pela Covid. A ideia foi auxiliar as empresas a conhecer as novas tecnologias e estimular parcerias com startups. Quer ficar por dentro das novidades? Confira algumas tendências que garimpamos deste estudo.

O futuro dos EPIs – Está saindo do forno uma nova geração de Equipamentos de Proteção Industrial, os famosos EPIs. Para proteger os trabalhadores da contaminação, fabricantes de EPIs estão criando, entre outras coisas, tecidos e máscaras anti patogênicas de tecnologia avançada, com eficácia contra o vírus. A startup PathSpot, de Nova York, fabrica um scanner de mão que usa tecnologia de detecção para indicar aos funcionários em tempo real a qualidade de cada lavagem das mãos. Já a Immutouch, de Washington, desenvolveu uma pulseira inteligente que detecta movimentos e vibra quando o usuário toca o rosto.

Monitorando sinas vitais – Outra tendência em alta são os sistemas não invasivos para detectar sintomas de Covid-19. Tecnologia de visão computacional móvel, dispositivos vestíveis, sistemas de triagem de entrada e sensores podem ser usados para prevenir surtos no ambiente de trabalho. A israelense Nettera aposta em chips para detectar movimentos microscópicos da pele, mesmo através de móveis e roupas. Já o Symptonsense, da Soter Technologies, de Nova York, é um portão de detecção de identidade e sinais vitais. Parecido com um detector de metais, ele capta não só a temperatura, como nível de oxigênio no sangue, frequências cardíaca e respiratória, entre outros dados.

Vigilância inteligente – Novas tecnologias de análise espacial e vigilância por vídeo permitem às indústrias obter, em tempo real, dados sobre as atividades no chão de fábrica úteis tanto para garantir as medidas de distanciamento social como para gerir a produtividade da manutenção. A BriefCam, de  Tel Aviv,  oferece uma tecnologia que se vale de recursos de deeplearning para  transformar o conteúdo bruto dos vídeos em dados úteis e facilmente acessíveis se, por exemplo, um trabalhador testar positivo para Covid-19 e informar este fato aos gerentes responsáveis, a tecnologia pode ser usada para mapear, com agilidade, seus movimentos e interações na empresa antes do afastamento.

Robótica industrial – A robótica é outra aliada da indústria em tempos de distanciamento social. Microfábricas robóticas modulares possibilitam às unidades industriais intensificar ou reduzir rapidamente os seus níveis de produção. Com sedes na Califórnia e em Israel, a Bright Machines oferece robôs configuráveis com softwares que automatizam operações de montagem e inspeção. Durante a crise da Covid-19, as micro fábricas da empresa foram oferecidas para ajudar fabricantes de produtos médicos a aumentar rapidamente a sua produção.

Decisões baseadas em dados – Em um tempo de busca acelerada por  produtividade e competitividade, a Inteligência Artificial e a análise de dados podem ajudar empresas a tomar decisões para otimizar e dinamizar suas operações precocemente. Durante a crise da Covid-19, a Stoft Stuff Distributors – um distribuidor atacadista de alimentos dos Estados Unidos – viu a sobrevivência de seu negócio ameaçada. Com o suporte da startup Sinsense – que utiliza recursos de data analytics e business intelligence – a empresa adquiriu, analisou e usou dados para redirecionar recursos e melhorar resultados. Em pouco tempo, aproveitou as oportunidades do mercado para se transformar em um supermercado on-line.

Conectados com o mundo das startups

Qualidados lança desafio a empresas de base tecnológica em busca de soluções inovadoras para ganho de produtividade em obras, projetos e paradas de manutenção.

Realidade Virtual e Realidade Aumentada, Sistemas holográficos, IoT, Bigdata, assistentes virtuais como robots e chatbots, Inteligência Artificial e Machine Learning, o chamado aprendizado das máquinas computacionais. O que as tecnologias da indústria 4.0 têm a oferecer ao mercado de gerenciamento de projetos, obras e paradas de manutenção? É este desafio que a Qualidados lançou nos últimos meses a startups e empresas de base tecnológica por meio de iniciativas que estão turbinando a cultura da inovação dentro e fora da empresa.

“Nós estamos demonstrando que inovação não é só pra grandes empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento: somos uma empresa de Engenharia, nordestina e de médio porte, que anualmente já oferece soluções inovadoras a seus clientes e agora está fazendo um investimento maior pra incorporar as tecnologias da indústria 4.0  aos seus processos”, ressalta a sócia-diretora da empresa Jane Carvalho

Desafio Nexus – No último mês de agosto, Jane marcou presença no Startup Summit, evento do Sebrae que reuniu em Santa Catarina mais de 3 mil integrantes do ecossistema de tecnologia do Brasil. Juntamente com a multinacional L’oreal, a Qualidados foi uma das empresas a aproveitar o evento para lançar desafios a startups por meio do programa Nexos, do Sebrae. No stand do Sebrae, Jane falou sobre a proposta da empresa de estabelecer parcerias para desenvolver soluções para a gestão e operação de serviços de campo em tempo real.

Iniciativa do Sebrae Nacional em parceria com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Nexos visa aproximar startups de médias e grandes empresas em projetos de inovação. As startups recebem orientação e investimento das empresas e, em contrapartida, as patrocinadoras contam com o suporte do Sebrae e Anprotec para financiar seus projetos via acesso a linhas de fomento, como a lei de informática e a lei do bem.

QD Connect – Além da participação do Nexos, a Qualidados lançou um programa próprio, o QD Connect.  Aqui, a ideia é também atrair startups e empresas de base tecnológica para gerar conexões, parcerias e negócios com foco em soluções inovadoras que permitam aprimorar os serviços prestados pela empresa. Um primeiro evento aconteceu no dia 29 de agosto, na sede da comunidade de empreendedorismo e inovação, HUB Salvador. Na ocasião, cada empresa teve cinco minutos para fazer o seu pitch, como se diz na linguagem das startups. Em outras palavras, apresentar aos patrocinadores, de forma rápida e eficiente, as soluções que têm a oferecer Dias depois, um novo encontro do gênero foi feito na sede da Qualidados, mobilizando a participação de vários colaboradores da empresa.

A expectativa da Qualidados é de que as soluções da Indústria 4.0 possam ter aplicações diversas para a gestão e operação de serviços em campo, especialmente nas áreas de parada produtiva de manutenção e obras.  Entre as possibilidades, estão, por exemplo, o aperfeiçoamento de mecanismos de aquisição e gerenciamento de dados de campo e monitoramento de produtividade em tempo real, além de integração de sistemas e ferramentas de gestão, controles de métricas de qualidade e criação de dashboards inteligentes.

“Independente dos resultados, no entanto, nós já saímos ganhando em cultura de inovação ao trazer o universo encantador das startups para dentro da nossa empresa”, conclui Jane.