De máscara na plataforma

As novas rotinas dos colaboradores que atuam em plataformas e outras plantas industriais durante a pandemia       

A pandemia mudou a rotina de todo mundo. Quase de um dia pra o outro, máscaras de proteção e álcool gel viraram nossos companheiros constantes. Passamos a higienizar os produtos do supermercado e a deixar os sapatos do lado de fora na volta para casa. A revolução no cotidiano, porém. é ainda maior para quem atua em plataformas de petróleo e outras plantas industriais, desempenhando atividades que não podem ser interrompidas durante o isolamento. Para estas pessoas, a tarefa de conciliar trabalho com proteção à saúde tornou-se um desafio que vem rendendo novos e inesperados aprendizados.

Dos 474 colaboradores da Qualidados, 335 estão desempenhando suas atividades integralmente em regime de home office, o que representa cerca de 70% do total. O contingente inclui toda a equipe da Sede, em Salvador, e também colaboradores que atuam nas empresas clientes, com as quais foram feitas negociações para viabilizar a atividade remota. “Para nós, este número mostra o esforço da empresa para preservar a saúde dos colaboradores”, comemora o técnico de segurança Kleiton Santana (SMS), que integra o Comitê de Prevenção para o Coronavírus criado pela Qualidados para analisar a evolução da doença e ajudar a diretoria a tomar decisões.

Protocolos de saúde – Para os casos em que as empresas não abriram mão da presença física dos trabalhadores – em razão da importância da atividade e da impossibilidade de viabilizá-la de forma remota – a solução tem sido adotar protocolos rigorosos de saúde. É o que vem acontecendo, principalmente, com profissionais de perfil operacional, que atuam, por exemplo, na fiscalização de atividades de campo e no planejamento e na medição de serviços em paradas de manutenção.

Para os que atuam embarcados em plataformas de petróleo da Petrobras, o impacto das novas rotinas de prevenção tem sido especialmente grande. Para minimizar riscos de contágio, a empresa reduziu o contingente de profissionais nas unidades e alterou a escala de trabalho dos terceirizados, que passaram a permanecer 21 dias embarcados e 21 de folga (antes eram 14 dias de trabalho para 14 de descanso). Além disso, nos 14 dias que antecedem um novo embarque, o grupo precisa cumprir um isolamento social rigoroso em casa, com aferição de temperatura duas vezes ao dia e acompanhamento remoto feito por profissionais de saúde contratados pela Qualidados. Antes do embarque, nos aeroportos, os trabalhadores se submetem a testes para detectar uma possível contaminação pelo Covid-19.

Longe da família – O engenheiro de Programação e Controle Offshore Maximiano Ferraz conta que já se ambientou com o uso das máscaras durante a execução das tarefas e com as reuniões constantes por videoconferência.  O grande desafio, no entanto, tem sido o sacrifício de permanecer longe da família e amigos por mais tempo. Ainda assim, ele acredita que a fase tem lhe rendido aprendizados importantes.         No período de isolamento rígido em casa, ele tem feito cursos de capacitação profissional para os quais nunca encontrava tempo antes. “Acho que o mais importante, no entanto, tem sido o meu maior engajamento em campanhas de doação de cestas básicas para pessoas necessitadas”, revela Maximiano, que atua nas Unidades de Manutenção Maracanã e Tijuca , no Rio de Janeiro.

Adaptação constante – “Este é um momento que exige muito, do ponto de vista psicológico, de nós e dos nossos familiares”, avalia o também engenheiro de Programação e Controle Offshore Roberto Assaife. “A pandemia traz a cada momento um cenário diferente e atípico e a necessidade de adaptação é constante”, acrescenta o profissional, ao relatar as dificuldades de acesso ao aeroporto durante os primeiros dias de isolamento social, quando o transporte intermunicipal foi suspenso no Rio de Janeiro.

No flotel, o hotel flutuante onde fica embarcado, Roberto conta que, além do uso rotineiro do álcool gel e máscaras, há uma série de cuidados, por exemplo, na hora do almoço, como fiscalização da lavagem das mãos e distanciamento físico no refeitório. “Para mim, o grande aprendizado de toda esta experiência tem sido a consciência da importância de desacelerar, de deixar um pouco de lado a corrida desenfreada por ganhos financeiros – que nos deixa  às vezes com noites mal dormidas e sem se alimentar direito – para compreender a importância, por exemplo, de uma refeição em família. Afinal, somos tão frágeis que um ser microscópico pode acabar com a nossa vida e fazer o mundo parar”.

Incidência baixa

A política da Qualidados de privilegiar ao máximo o home office tem gerado bons resultados, com uma incidência baixa de casos da doença entre os colaboradores. Até o momento da elaboração desta matéria, a área de SMS havia contabilizado, entre os  474 colaboradores da empresa, 17 casos suspeitos em todo o Brasil, sendo que 13 deles foram descartados. Das quatro pessoas que receberam confirmação da doença, uma já estava inteiramente curada, enquanto as demais estavam se recuperando.

A inovação nos tempos do coronavírus

Tendências, soluções e iniciativas das startups e empresas de tecnologia.

Talvez nunca aquela máxima de que a crise é uma combinação de risco com oportunidade tenha sido tão apropriada para as empresas que trabalham com tecnologia e inovação quanto nos dias de hoje. Como aconteceu com quase tudo ao nosso redor, o ecossistema de inovação foi tomado de assalto pela pandemia do coronavírus. Grandes eventos de área foram cancelados e, bem mais grave que isso, a perspectiva de uma mega recessão na economia global acena para um futuro de investimentos incertos para o setor.

Ao mesmo tempo, os desafios gigantescos que se apresentam para organizações e pessoas no mundo todo demandam, mais do que nunca, aquilo que é a principal expertise das startups e empresas de tecnologia: soluções rápidas e criativas.  Tudo isso num cenário que parece sob medida para a transformação digital, onde conectar pessoas a distância não é mais questão de estilo de vida, mas de sobrevivência. Pensando em tudo isso, reunimos aqui cinco iniciativas, soluções e tendências inovadoras que estão bombando no Brasil nestes tempos de COVID-19. Confira:

Fapesp contra o COVID

Em meio a tantas incertezas, uma notícia boa para quem está trabalhando em soluções que colaboram no combate ao vírus. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) liberou R$ 30 milhões para financiar startups e pesquisadores que desenvolvam projetos sobre o coronavírus. O empreendedor que tiver seu projeto aprovado deve receber R$ 1,5 milhão para desenvolver produtos ou serviços.

Compartilhando soluções

A Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e a Comunidade Governança & Nova Economia (Gonew.co) lançaram a campanha #StartupsVsCovid19 em busca de iniciativas para mitigar o impacto da pandemia. A ideia é incentivar empresas, empresários e inovadores a compartilhar experiências e soluções por meio da hashtag #StartupsVsCovid19.

A vez da telemedicina

As soluções para telemedicina nunca estiveram tão em alta. Uma startup de Pelotas, a Fácil Consulta, criou um serviço gratuito para quem tem dúvidas ou possui os sintomas da COVID-19. Através do site, é possível encontrar um médico ou psicólogo voluntário. Na mesma linha, o site Doctoralia anunciou uma plataforma para realizar o pré-atendimento virtual gratuito, usando ferramentas de webconferência. Já para uma autoavaliação rápida há os aplicativos de triagem online que têm viralizado nas redes sociais, como o caren.app, o CoronaBR e o Coronavírus Sus, do Ministério da Saúde.

O mundo das health techs

O universo a ser explorado pelas health techs – empresas que atuam com tecnologia aplicada à saúde – vai muito além do campo da telemedicina. A startup Hi Technologies desenvolveu um teste que detecta o coronavírus em 10 minutos. Um pequeno kit laboratorial – desenvolvido com tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (I.A) – realiza a leitura do material coletado, envia os dados via internet para a central, e retransmite o resultado.

Negócios cada vez mais digitais

Com tanta gente trabalhando em casa, a demanda por softwares de videoconferência deu um salto. Só para ter uma ideia, as ações da Zoom Video Communications – criadora da plataforma Zoom – tiveram uma valorização de 100%.  Mas este é apenas um exemplo de como soluções virtuais ganham espaço para manter os negócios rodando. Especializada em soluções para gerenciar, distribuir e monetizar vídeos e conteúdos digitais, a Netshow.me, por exemplo, vem apostando em soluções para ajudar a empresas a criar alternativas on-line para seus negócios e eventos.

Ano novo, estrutura nova

Em fase final da Implantação do seu Sistema de Governança, Qualidados se reestrutura para atender a mudanças do mercado e planejar o futuro.

A virada do ano é sempre um momento oportuno para fazer um balanço, rever  nossos propósitos e nos organizarmos, lançando as bases para o futuro. É este movimento que a Qualidados realiza  com a implantação, já em fase final, do seu Sistema de Governança Corporativa. Promovida com a consultoria do Instituto Planos, especializado em planejamento e desenvolvimento humano, a implantação  irá permitir à empresa  contar já em  2020 com uma Política de Governança e um novo Plano Estratégico alinhados com a visão de futuro da organização.

A Governança é o sistema pelo qual as  organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, o que envolve os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle, entre outras  partes. Para a sócia-diretora da Qualidados Jane Carvalho, o investimento em Governança neste momento atende à necessidade de fazer frente às mudanças profundas que  vêm ocorrendo no mercado.

“Nós sentimos  a necessidade de nos reinventarmos: olhar para dentro para identificar o que temos de melhor e o que precisamos fazer para atender ao mercado. Neste contexto, a Governança entra para reestruturar a empresa, ajudar-nos a atingir nosso propósito de desenvolver soluções inteligentes e trazer resultados de forma inovadora para os clientes”, explica Jane.

Além disso, acrescenta a diretora, o trabalho desenvolvido com a consultoria do Instituto Planos está permitindo aos sócios planejarem o  processo sucessório de  forma consciente e organizada, o que irá contribuir para garantir a solidez e a saúde da empresa no futuro. “A Qualidados está num momento excelente, antecipando-se aos acontecimentos e pavimentando os próximos passos com um misto de ousadia e segurança”, elogia a administradora de empresas e sócia-diretora do Instituto Planos, Marta Castro. “Poucos empresários pensam assim no Brasil;  a maioria trabalha de forma imediatista”, opina a consultora.

Cronograma –  Deflagrado em julho de 2019, o processo de implantação da Governança partiu de um trabalho de alinhamento com a equipe. “O objetivo era fazer com que todos pudessem conhecer o Instituto Planos e saber o que estávamos fazendo na Qualidados,  além de entender o que é Governança e por que o sistema estava sendo implantado”, conta Marta Castro. Na sequencia, foi realizado um diagnóstico da equipe, com a ajuda de uma ferramenta de perfil comportamental (o PDA), entrevistas individuais e de grupo. Os profissionais do Instituto também  estudaram em detalhes documentos como o Plano Estratégico da empresa, seu contrato social e o desenho da atual estrutura organizacional.

Em seguida, foi iniciado o trabalho de revisão da macroestrutura, com o desenho de vários organogramas mostrando a evolução do sistema desde o momento atual até as futuras transições dos sócios para um Conselho de administração, obedecendo os prazos desejados por cada um. Em paralelo, foi realizado um estudo de impacto financeiro da transição.

Agora, a  etapa final do processo vai consistir na revisão e divulgação do Plano Estratégico, além da aprovação e divulgação da Política de Governança. “A Política vai retratar todas as decisões tomadas ao longo das reuniões de diretoria para orientar a equipe e dar transparência ao processo”, conta Marta, explicando que esta fase inclui ainda a revisão do contrato social e a elaboração de um acordo de sócios, em parceria com a assessoria jurídica da Qualidados. A previsão é de que todos os documentos estejam prontos e aprovados antes do Carnaval.

“A Governança precisa sair do papel”

Um bate-papo sobre perspectivas e desafios da implantação de sistemas de Governança Corporativa com a consultora Marta Castro, do Instituto Planos

Nos meios empresarias, a implantação de Sistemas de Governança vem se consolidando como estratégia para garantir uma gestão mais transparente e responsável. Mas, afinal, o que é Governança Corporativa? Que ganhos ela pode trazer para as empresas? E quais os desafios para o seu sucesso? Levamos estas e outras perguntas para um bate-papo com a consultora Marta Castro.

Administradora de empresas com especializações em Marketing, Administração e Recursos – e experiência  como gerente de Marketing e Relações Institucionais de empresas privadas e organizações do terceiro setor –  Marta é sócia-diretora, desde 2009, do Instituto Planos, uma empresa de consultoria em Planejamento e Desenvolvimento, com atuação em vários países. Desde julho de 2019, ela e o sócio-fundador do Instituto, Ângelo Veiga, estão conduzindo a implantação do Sistema de Governança da Qualidados. Confira:

Como surge o conceito de Governança e o que ele representa?

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a Governança é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, o que envolve relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

O conceito surge no começo dos anos 1990, com a instalação pela Bolsa de Valores de Londres de um comitê para revisar as práticas de contabilidade e finanças de  companhias britânicas envolvidas em  escândalos. Mas é em 2002 que a ideia ganha força, com a promulgação, pelos Estados Unidos, da lei Sarbanes-Oxley, conhecida como lei SARBOX, decorrente dos escândalos contábeis que o mercado americano enfrentou à época, sendo o mais famoso deles o caso Enron.

O sistema de Governança protege o valor da empresa, independente da presença dos sócios, pois deixa claro a macroestrutura, os âmbitos de responsabilidade e decisão, além de definir os instrumentos de delegação planejada e responsável, com critérios claros para acompanhamento, avaliação e tomada de decisão.

O que as empresas têm a ganhar com a Governança?

O trabalho assegura uma gestão transparente, onde as informações estão disponíveis não só para acionistas, mas para todos os públicos de interesse (stakeholders). Assegura também a accountability, que é comumente traduzida como prestação de contas, mas cujo significado é bem mais profundo. A palavra poderia ser melhor traduzida como responsabilização, ou auto-responsabilização, pois pressupõe que cada ator envolvido no processo, em especial os executivos, assuma e sustente suas ações e decisões perante os acionistas e a sociedade.

Outro ganho é a equidade e a responsabilidade corporativa. A equidade, diferente da igualdade, assegura oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento, mesmo que para isso precise tratar desigualmente os colaboradores, pois considera as necessidades, potenciais e limitações de cada um. E a responsabilidade corporativa, por sua vez, garante boas práticas econômicas, ambientais e sociais, considerando social tudo que tange a pessoas, seja dentro ou fora da empresa.

O mercado e a sociedade, de forma geral, vêem com bom olhos a governança corporativa. Portanto, além de dar segurança aos acionistas, a iniciativa agrega valor ao patrimônio tangível e intangível da empresa.

Qual o tipo de metodologia adotada pelo Instituto  Planos?  Como funciona?

Chama-se THOR – Tecnologia Humanista Orientada para Resultados. Nesta tecnologia, cada líder assume prioridades alinhadas com o Plano Estratégico da empresa, passando a ser dono daquelas prioridades, com seus ônus e bônus. Com isso, papéis e responsabilidades ficam muito claros e permitem que as pessoas possam trabalhar com autonomia. Mas o mais importante não é a ferramenta, e sim a metodologia de acompanhamento, onde cada líder se torna um educador e apoiador da equipe no seu processo de desenvolvimento, e isso inclui a diretoria.

Na Qualidados, todo o processo até o momento teve como metodologia exposições dialogadas, registradas em súmulas ou propostas de deliberação. Ou seja, muito diálogo, negociação e acordo. Também tivemos o cuidado de caminhar alinhados com a implantação do processo de Compliance, realizando reuniões sobre o tema, sempre que necessário.

Quais os maiores desafios deste tipo de trabalho?

O maior desafio são as pessoas e isso inclui os dirigentes. Apesar da iniciativa partir dos sócios-diretores, o processo passa por uma mudança de modelo mental e de gestão, por exemplo, da centralização para a descentralização. Traz também impacto na estrutura, pois ao passo que as pessoas ganham mais autonomia, elas também precisam tomar decisões a bancá-las. Sem falar no ajuste aos novos instrumentos que dão suporte a todo o sistema, como por exemplo os Programas de Ação individuais.

Como você avalia o processo na Qualidados? Que dicas você sugere para o sucesso da implantação?

Na Qualidados, todas as etapas do Sistema estão caminhando muito bem, mas para dar certo, a Governança precisa sair do papel. Por isso, nosso cuidado com o processo. Escrever políticas e montar organogramas é fácil; o papel tudo aceita, mas as pessoas não. A Governança precisa ter “espírito, alma”. Precisa retratar o desejo dos acionistas. Precisa dar suporte às pessoas envolvidas no processo. Precisa consolidar cada decisão antes de partir para uma etapa seguinte. Precisa envolver as pessoas, para que se apropriem do que está sendo construído, afinal, a consultoria é um facilitador e orientador, mas sócios e equipe são os verdadeiros donos do trabalho.

Como podemos crescer junto com as startups?

Por Jane Carvalho, sócia-diretora da Qualidados Engenharia

Nos últimos meses, os colaboradores da Qualidados começaram a se acostumar com a presença de uma galera diferente frequentando a nossa Sede:  um grupo formado por gente jovem e sem muita formalidade, esbanjando energia e ideias criativas.  O burburinho nos corredores é apenas um primeiro efeito (e ainda superficial) da enorme transformação que a aproximação com o mundo das startups pode trazer para uma empresa como a nossa, já consolidada no negócio de gerenciamento de projetos no país.

Mas como conduzir uma transformação deste tipo? Qual o caminho a tomar para crescer junto com estes empreendedores do mundo digital?  De que forma mobilizar organizações com perfis tão diferentes em torno de objetivos comuns?

Estas perguntas se tornaram cruciais desde que a Qualidados decidiu dar um novo salto de investimento em inovação.  Em 2019 – pouco antes da comemoração dos nossos 26 anos – aderimos ao Nexos, uma iniciativa do Sebrae Nacional e da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). No programa, startups recebem orientação e investimento e, em contrapartida, as patrocinadoras contam com suporte para financiar seus projetos via acesso a linhas de fomento.

No mesmo ano, lançamos um evento de inovação, o QD Connect.  Aqui a ideia foi atrair também startups e empresas de base tecnológica para gerar conexões, parcerias e negócios com foco em soluções inovadoras para aprimorar nossos serviços.

Nosso movimento segue uma tendência muito mais ampla. Depois que a ação disruptiva de empreendimentos como Netflix, Airbnb e Uber abalou as estruturas de mercados inteiros, as  organizações tradicionais parecem ter despertado de vez para os benefícios das parcerias com startups. De modo geral, porém, a estratégia surge quase sempre como  possibilidade a ser explorada por grandes corporações.  No topo do último ranking das empresas que mais fecham negócios com startups no Brasil – publicado anualmente pela plataforma 100 Open StartUps (www.openstartups.net) – estão gigantes como BMG, Natura e a multinacional Accenture.

Como empresa de médio porte, e sediada no Nordeste, a Qualidados tem muitos desafios a vencer em sua nova empreitada.  Neste momento, em que estamos dando os primeiros passos na construção das parcerias, os modelos possíveis para criar sinergia são inúmeros. Nos projetos fomentadas pelo programa Nexos,  ingressamos como investidores financeiros. Em outros casos, pode ser mais interessante optar por uma parceria comercial ou ainda  contratar a startup para atuar como uma espécie de fornecedora, desenvolvendo tecnologia para ser incorporada ao nosso negócio.

Seja qual for a solução encontrada, um fator que me parece chave é a necessidade de construir uma verdadeira relação ganha-ganha, baseada em uma proposta de valor que satisfaça ambas as partes.  E esta construção só é viável a partir da busca de um equilíbrio entre os perfis de cada parceiro.

A contraposição entre empresas tradicionais e startups é bem conhecida. De um lado, o peso da experiência no mercado e as vantagens de uma maior solidez e capacidade de investimento. Do outro, a velocidade proporcionada por  estruturas flexíveis e informais, altamente criativas e focadas em novas tecnologias na busca por  um modelo de negócios repetível e escalável.

Na conexão entre estes dois mundos, não há modelo ideal, nenhuma fórmula pré-concebida que possa ser aplicada sem risco pelas empresas, em qualquer cenário.  Mesmo assim, podemos ficar atentos a estratégias que permitam explorar o melhor do potencial de cada um de nós. Não é bom negócio para empresas tradicionais como a Qualidados sufocar o potencial criativo e a capacidade de crescimento das startups, “canibalizá-las” de forma predatória e com exigências burocráticas. Ao mesmo tempo, teremos pouco a ganhar (e mesmo muita a perder) com parcerias que não estejam em sintonia com a nossa expertise e alinhadas às nossas necessidades. Entre um e outro cenário, há um mundo de possibilidades que estamos prontos para explorar, crescendo junto com as startups.

“Uma organização sem ética tem vida curta”

Especialista em programas de Compliance, o advogado e auditor  José Guimarães fala dos desafios e benefícios do combate à corrupção nas organizações.  

Era 16 de novembro de 2014 quando a Operação Lava Jato se iniciou, com a prisão do principal executivo do Grupo UTC, , Vinte dias depois, José Guimarães visitava-o na prisão, em Curitiba. Sua missão: liderar aquilo que era uma das condições das autoridades  para o acordo de delação premiada com o executivo, a implementação de um programa de Compliance, Governança e Riscos muito forte no Grupo UTC. Advogado com longa experiência como processualista civil, José Guimarães não apenas cumpriu sua missão – implementando o programa e validando-o junto à Controladoria Geral da União e à Petrobras – como se tornou referência no assunto.

Em seu currículo, há certificações internacionais, como a de auditor líder nas normas ISO 37001 (Sistema de Gestão Anticorrupção) e 19.600 (Sistema de Gestão em Compliance) pela World Compliance Association. Hoje, é coordenador da Pós-Graduação em Compliance da Faculdade Baiana de Direito e dá consultoria e auditoria a organizações e empresas como a Qualidados na implantação e auditoria de programas na área. Nesta entrevista, ele contou para a Qualinews como a ética e o combate à fraude e à corrupção podem não apenas mitigar riscos para as finanças e a imagem da empresa como  contribuir até para a sua produtividade. Confira:

O que significa Compliance?

A palavra compliance vem do inglês to comply que significa “estar de acordo com”, cumprir.  Na minha visão, Programa de Complianxce significa estar de acordo com a lei, a ética e a integridade, com a finalidade de prevenir, detectar e punir atos antiéticos, ilegais, que podem comprometer a gestão, as finanças, a imagem e principalmente colocar em risco a reputação e a existência da organização,  contribuindo para gerar uma vida longa, profícua e próspera para as organizações, mitigando riscos a médio e longo prazo.

Por que é importante promover ética nas organizações?

Uma organização que não tem valor, ética e integridade tem vida curta e pode ruir a qualquer momento. O grupo UTC, por exemplo, era um grande grupo, porem, com o impacto reputacional ficou muito reduzido, e esta hoje em recuperação judicial.   A corrupção é hoje um dos maiores riscos a que uma empresa está sujeita, principalmente após o advento da Lei Anticorrupção e neste momento novo  no Brasil de absoluta  intolerância em relação à corrupção.

Compliance é também um bom investimento. Estudos demonstram que 5% do faturamento  bruto de qualquer instituição se perdem na aplicabilidade de normas, falta de políticas e procedimentos adequados, utilização equivocada do próprio ferramental e também conflito de interesses, vantagens indevidas, fraude e corrupção. O Compliance preserva os diretores e acionistas de riscos, inclusive de responsabilização penal e das multas da Lei Anticorrupção que variam de O,1% a 20% do faturamento bruto mensal, além de valorizar a imagem, a marca e a historia da empresa publica ou privada.

E como todos estes objetivos podem ser alcançados?

O primeiro requisito é o apoio irrestrito da alta administração.  O segundo é a análise de riscos.  Na sequência, construímos, juntamente com a organização, um bom código de ética. Associado a este documento, desenvolvemos políticas, procedimentos e registros aderentes, conectados e auditáveis. Também desenvolvemos um plano de comunicação e um treinamento muito forte e bem estruturado, com atividades que mobilizam 100% da organização. Em seguida, implementamos um canal de denúncia externo, autônomo, anônimo e independente que funciona como canal de ética.

Todos estes itens compõem o primeiro dos três pilares do Programa de Compliance,  voltado para a prevenção. O segundo é o pilar da identificação, também chamado de pilar da auditoria, investigação ou detecção. É quando criamos a equipe com investigadores e auditores e estabelecemos a rotina de identificação e conclusão das investigações. Já o terceiro e último pilar é o da resposta ou punição, voltado para a aplicação das medidas punitivas decorrentes das investigações. Ele é concluído com a realização, em caráter confidencial, de um julgamento de um comitê autônomo e independente chamado comitê de ética. Ao final do processo, a própria empresa passa a gerir o seu Sistema de Gestão de Compliance, que poderá ser auditado e certificado.

Uma estratégia dessas não pode afetar a ambiência da empresa, gerando um clima de tensão e desconfiança?

Pelo contrário. Quanto mais você previne, melhor você detecta e mais equilibradamente você pune, e quanto mais você pune com autoridade e equilíbrio, mais você alimenta a prevenção, gerando um ambiente de transparência. Em uma implantação bem feita, há uma investigação cuidadosa, sigilosa, silenciosa e um julgamento adequado, sob o manto da confidencialidade, que dá inclusive oportunidade para que o colaborador se torne um profissional melhor.  Investigação após investigação, a iniciativa ganha credibilidade e gera-se um ambiente que valoriza a responsabilidade e a honestidade. Estudos demonstram, inclusive, que este movimento pode resultar em melhoria da produtividade, porque o colaborador trabalha com mais alegria, satisfação, transparência, valorização, dignidade e responsabilidade.  O ambiente ético atrai talentos, gera ótima convivência e prosperidade,  e’ uma questão sociológica.

Qualidados: História e Perspectivas. Por Luiz Henrique Costa e Maurício Simões.

Os sócios-fundadores e diretores da Qualidados, Luiz Henrique Costa e Maurício Simões, relembraram um pouco como foram as suas trajetórias na empresa desde a sua fundação, bem como alguns objetivos que ainda faltam ser alcançados. Confira a entrevista, abaixo:

Conectados com o mundo das startups

Qualidados lança desafio a empresas de base tecnológica em busca de soluções inovadoras para ganho de produtividade em obras, projetos e paradas de manutenção.

Realidade Virtual e Realidade Aumentada, Sistemas holográficos, IoT, Bigdata, assistentes virtuais como robots e chatbots, Inteligência Artificial e Machine Learning, o chamado aprendizado das máquinas computacionais. O que as tecnologias da indústria 4.0 têm a oferecer ao mercado de gerenciamento de projetos, obras e paradas de manutenção? É este desafio que a Qualidados lançou nos últimos meses a startups e empresas de base tecnológica por meio de iniciativas que estão turbinando a cultura da inovação dentro e fora da empresa.

“Nós estamos demonstrando que inovação não é só pra grandes empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento: somos uma empresa de Engenharia, nordestina e de médio porte, que anualmente já oferece soluções inovadoras a seus clientes e agora está fazendo um investimento maior pra incorporar as tecnologias da indústria 4.0  aos seus processos”, ressalta a sócia-diretora da empresa Jane Carvalho

Desafio Nexus – No último mês de agosto, Jane marcou presença no Startup Summit, evento do Sebrae que reuniu em Santa Catarina mais de 3 mil integrantes do ecossistema de tecnologia do Brasil. Juntamente com a multinacional L’oreal, a Qualidados foi uma das empresas a aproveitar o evento para lançar desafios a startups por meio do programa Nexos, do Sebrae. No stand do Sebrae, Jane falou sobre a proposta da empresa de estabelecer parcerias para desenvolver soluções para a gestão e operação de serviços de campo em tempo real.

Iniciativa do Sebrae Nacional em parceria com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Nexos visa aproximar startups de médias e grandes empresas em projetos de inovação. As startups recebem orientação e investimento das empresas e, em contrapartida, as patrocinadoras contam com o suporte do Sebrae e Anprotec para financiar seus projetos via acesso a linhas de fomento, como a lei de informática e a lei do bem.

QD Connect – Além da participação do Nexos, a Qualidados lançou um programa próprio, o QD Connect.  Aqui, a ideia é também atrair startups e empresas de base tecnológica para gerar conexões, parcerias e negócios com foco em soluções inovadoras que permitam aprimorar os serviços prestados pela empresa. Um primeiro evento aconteceu no dia 29 de agosto, na sede da comunidade de empreendedorismo e inovação, HUB Salvador. Na ocasião, cada empresa teve cinco minutos para fazer o seu pitch, como se diz na linguagem das startups. Em outras palavras, apresentar aos patrocinadores, de forma rápida e eficiente, as soluções que têm a oferecer Dias depois, um novo encontro do gênero foi feito na sede da Qualidados, mobilizando a participação de vários colaboradores da empresa.

A expectativa da Qualidados é de que as soluções da Indústria 4.0 possam ter aplicações diversas para a gestão e operação de serviços em campo, especialmente nas áreas de parada produtiva de manutenção e obras.  Entre as possibilidades, estão, por exemplo, o aperfeiçoamento de mecanismos de aquisição e gerenciamento de dados de campo e monitoramento de produtividade em tempo real, além de integração de sistemas e ferramentas de gestão, controles de métricas de qualidade e criação de dashboards inteligentes.

“Independente dos resultados, no entanto, nós já saímos ganhando em cultura de inovação ao trazer o universo encantador das startups para dentro da nossa empresa”, conclui Jane.

O que as transformações digitais bem-sucedidas têm em comum?

Confira as dicas da consultoria Mckinsey & Company para as empresas de Engenharia e Construção.

Em todo o mundo, as empresas de Engenharia e Construção estão correndo atrás de soluções em tecnologia da informação e comunicação que sejam capazes de alavancar a sua produtividade. Mas afinal de contas, o que as transformações digitais bem-sucedidas têm em comum?  Em que as empresas do setor devem ficar atentas na hora de investir nesta área? As cinco dicas abaixo foram elaboradas a partir do conteúdo de um artigo publicado em agosto deste ano pela consultoria internacional Mckinsey & Company.  Para consultar o texto original – assinado por pesquisadores de vários países – você pode acessar aqui.

  1. Foque na solução de problemas, não na instalação de softwares

Em todo o mundo, as empresas de Engenharia e Construção estão atualizando e substituindo seus sistemas de gestão internos obsoletos por novos, para aumentar a produtividade. No entanto, às vezes a empresa se concentra demais nas soluções em TI, buscando o avanço da tecnologia como um fim em si mesmo e optando por uma ferramenta antes mesmo de saber se e como ela ajudará a aprimorar as suas operações. Para aumentar a chance da tecnologia digital fazer diferença positiva no seu negócio, o ideal é, em primeiro lugar, identificar as mudanças operacionais necessárias para aprimorar o desempenho da empresa, e só então, eleger a solução capaz de promover esta mudança.

  1. Opte por soluções digitais que promovam a colaboração

Às vezes, as empresas de Engenharia e Construção optam por soluções digitais que se aplicam a apenas uma atividade ou negócio.  Em geral, o objetivo é evitar que a implantação torne-se muito complexa.  Com isso, no entanto, perde-se uma oportunidade valiosa de conter as perdas de eficiência que ocorrem quando informações não são transmitidas de forma efetiva durante passagens entre operações e funções. A dica então é dedicar atenção especial a atividades que envolvem várias áreas e grupos de trabalho, projetando funcionalidades que facilitem a interação.

  1. Requalifique e reestruture suas equipes de engenharia

As tecnologias digitais introduziram mudanças profundas nos projetos de engenharia. Neste novo cenário, a capacidade de conceber um design original pode ser tão importante quanto a habilidade de utilizar ferramentas do chamado design generativo, que usa recursos como algoritmos de inteligência artificial e computação em nuvem. A aplicação dessas técnicas demanda que os profissionais não só desenvolvam habilidades técnicas como exercitem novas formas de atuar. As empresas de Engenharia e Construção devem criar condições para a que suas equipes adotem sistemáticas de trabalho sintonizadas com as possibilidades abertas pela digitalização.

  1. Garanta que a solução digital vai agregar valor ao seu negócio

É comum ouvir de executivos do setor de Engenharia e Construção que os ganhos de produtividade obtidos com a digitalização tiveram pouco impacto nos seus resultados financeiros porque a economia obtida não compensou o custo da implementação de novos softwares.  Isto ocorre quando surgem flutuações durante a operação sem que sejam realizados os ajustes necessários. Um exemplo: uma ferramenta digital pode ajudar a acelerar o serviço, reduzindo defeitos e retrabalho. Mas se a força de trabalho não for redimensionada ou transferida para outras atividades, a equipe acabará esperando durante o tempo que gastaria em retrabalho, e os custos ainda serão acumulados

  1. Multiplique o impacto da transformação digital em toda a empresa

Numa empresa de Engenharia típica e descentralizada, é comum que os líderes das unidades de negócio se concentrem em otimizar projeto isolados, enquanto negligenciam soluções mais amplas, baseadas na padronização de ferramentas e plataformas digitais e no compartilhamento de dados entre os projetos. Um exemplo positivo, nesse caso, é o da solução adotada por uma empresa para racionalizar a aquisição de materiais para montagem de painéis de isolamento.  A visão dos itens adquiridos pela corporação como um todo possibilitou à empresa reduzir custos ao definir especificações padrão e agregar os pedidos realizados por suas diferentes unidades.

Rumo ao futuro da construção

Estudos apontam a digitalização como chave para alavancar a produtividade de um dos maiores e mais tradicionais setores da economia.

A indústria da construção emprega cerca de 7% da população em idade ativa e é um dos maiores setores da economia, com US$ 10 trilhões gastos anualmente em bens e serviços relacionados à construção. Em contrapartida, a produtividade do setor, globalmente, cresceu apenas 1% nas últimas duas décadas, comparada com um crescimento de 2,8% da economia global e 3,6% da indústria de manufaturados.  E a solução para esta baixa produtividade pode estar na adesão às novas tecnologias da informação e comunicação. Não por acaso, o setor está entre os menos digitalizados, no mundo inteiro.

O diagnóstico acima foi extraído de estudos publicados pela empresa de consultoria empresarial americana McKinsey & Company (leia mais aqui).  Ainda segundo a mesma consultoria (ver aqui), os gastos com pesquisa e desenvolvimento, assim como os com tecnologia da informação, respondem cada um por menos de 1% da receita do setor.

Os reflexos para a eficiência na prestação de serviços são visíveis: também de acordo com a Mackinsey, projetos grandes costumam ser executados num prazo 20% maior do que o planejado e concluídos com orçamento até 80% acima do previsto. Outro problema comum é a falta de coordenação entre o escritório e o campo, com o planejamento do projeto ainda hoje sendo executado, com frequência, em papel.

Oportunidades – Autor de um artigo sobre o tema publicado na última edição da revista O Empreiteiro, o diretor técnico da Qualidados Luiz Henrique Costa chama atenção para as oportunidades que este cenário oferece ao futuro do setor. “A partir do momento em que abraçarmos a cultura da inovação, que começarmos a tirar proveito das tecnologias já disponíveis no mercado, a tendência será de aumento da produtividade e otimização dos resultados, com ganhos em custo, prazo e qualidade”, afirma o executivo.

Como exemplo, ele cita a experiência da própria Qualidados. Há mais de 25 anos no mercado de gerenciamento de projetos, obras e paradas de manutenção, a empresa começou a sistematizar e implementar em 2014 um sistema de gestão de inovação baseado nas melhores práticas e ferramentas do mercado. “O envolvimento da alta direção e o investimento contínuo em cultura de inovação levaram a melhorias de processos e têm nos permitido lançar, uma vez ao ano, soluções inovadoras para nossos clientes nas áreas em que atuamos”, relata Luiz Henrique.

Para a também diretora da Qualidados, Jane Carvalho, o grande desafio para o futuro da Construção está na mudança de mindset, de mentalidade. “Somo um setor antigo, tradicional e um princípio básico da inovação é de que é preciso se permitir fazer coisas novas. Quando as lideranças aderem a esta mentalidade, o resto vem naturalmente”, afirma.