De máscara na plataforma

As novas rotinas dos colaboradores que atuam em plataformas e outras plantas industriais durante a pandemia       

A pandemia mudou a rotina de todo mundo. Quase de um dia pra o outro, máscaras de proteção e álcool gel viraram nossos companheiros constantes. Passamos a higienizar os produtos do supermercado e a deixar os sapatos do lado de fora na volta para casa. A revolução no cotidiano, porém. é ainda maior para quem atua em plataformas de petróleo e outras plantas industriais, desempenhando atividades que não podem ser interrompidas durante o isolamento. Para estas pessoas, a tarefa de conciliar trabalho com proteção à saúde tornou-se um desafio que vem rendendo novos e inesperados aprendizados.

Dos 474 colaboradores da Qualidados, 335 estão desempenhando suas atividades integralmente em regime de home office, o que representa cerca de 70% do total. O contingente inclui toda a equipe da Sede, em Salvador, e também colaboradores que atuam nas empresas clientes, com as quais foram feitas negociações para viabilizar a atividade remota. “Para nós, este número mostra o esforço da empresa para preservar a saúde dos colaboradores”, comemora o técnico de segurança Kleiton Santana (SMS), que integra o Comitê de Prevenção para o Coronavírus criado pela Qualidados para analisar a evolução da doença e ajudar a diretoria a tomar decisões.

Protocolos de saúde – Para os casos em que as empresas não abriram mão da presença física dos trabalhadores – em razão da importância da atividade e da impossibilidade de viabilizá-la de forma remota – a solução tem sido adotar protocolos rigorosos de saúde. É o que vem acontecendo, principalmente, com profissionais de perfil operacional, que atuam, por exemplo, na fiscalização de atividades de campo e no planejamento e na medição de serviços em paradas de manutenção.

Para os que atuam embarcados em plataformas de petróleo da Petrobras, o impacto das novas rotinas de prevenção tem sido especialmente grande. Para minimizar riscos de contágio, a empresa reduziu o contingente de profissionais nas unidades e alterou a escala de trabalho dos terceirizados, que passaram a permanecer 21 dias embarcados e 21 de folga (antes eram 14 dias de trabalho para 14 de descanso). Além disso, nos 14 dias que antecedem um novo embarque, o grupo precisa cumprir um isolamento social rigoroso em casa, com aferição de temperatura duas vezes ao dia e acompanhamento remoto feito por profissionais de saúde contratados pela Qualidados. Antes do embarque, nos aeroportos, os trabalhadores se submetem a testes para detectar uma possível contaminação pelo Covid-19.

Longe da família – O engenheiro de Programação e Controle Offshore Maximiano Ferraz conta que já se ambientou com o uso das máscaras durante a execução das tarefas e com as reuniões constantes por videoconferência.  O grande desafio, no entanto, tem sido o sacrifício de permanecer longe da família e amigos por mais tempo. Ainda assim, ele acredita que a fase tem lhe rendido aprendizados importantes.         No período de isolamento rígido em casa, ele tem feito cursos de capacitação profissional para os quais nunca encontrava tempo antes. “Acho que o mais importante, no entanto, tem sido o meu maior engajamento em campanhas de doação de cestas básicas para pessoas necessitadas”, revela Maximiano, que atua nas Unidades de Manutenção Maracanã e Tijuca , no Rio de Janeiro.

Adaptação constante – “Este é um momento que exige muito, do ponto de vista psicológico, de nós e dos nossos familiares”, avalia o também engenheiro de Programação e Controle Offshore Roberto Assaife. “A pandemia traz a cada momento um cenário diferente e atípico e a necessidade de adaptação é constante”, acrescenta o profissional, ao relatar as dificuldades de acesso ao aeroporto durante os primeiros dias de isolamento social, quando o transporte intermunicipal foi suspenso no Rio de Janeiro.

No flotel, o hotel flutuante onde fica embarcado, Roberto conta que, além do uso rotineiro do álcool gel e máscaras, há uma série de cuidados, por exemplo, na hora do almoço, como fiscalização da lavagem das mãos e distanciamento físico no refeitório. “Para mim, o grande aprendizado de toda esta experiência tem sido a consciência da importância de desacelerar, de deixar um pouco de lado a corrida desenfreada por ganhos financeiros – que nos deixa  às vezes com noites mal dormidas e sem se alimentar direito – para compreender a importância, por exemplo, de uma refeição em família. Afinal, somos tão frágeis que um ser microscópico pode acabar com a nossa vida e fazer o mundo parar”.

Incidência baixa

A política da Qualidados de privilegiar ao máximo o home office tem gerado bons resultados, com uma incidência baixa de casos da doença entre os colaboradores. Até o momento da elaboração desta matéria, a área de SMS havia contabilizado, entre os  474 colaboradores da empresa, 17 casos suspeitos em todo o Brasil, sendo que 13 deles foram descartados. Das quatro pessoas que receberam confirmação da doença, uma já estava inteiramente curada, enquanto as demais estavam se recuperando.

HIGHLIGHTS Qualidados

Rumo à certificação pela ISO 45001

A Qualidados está mobilizando os preparativos para viabilizar a transição da certificação pela norma OHSAS 18001  para a sua nova versão, a ISO 45001. A mudança vai contribuir para aperfeiçoar os processos da empresa nas áreas de Saúde e Segurança Ocupacional, além de permitir uma melhor integração com as demais normas do Sistema de Gestão (ISO 9001 e ISO 14001) e estimular o comprometimento da alta gestão com as questões da área.

Para viabilizar a transição, será preciso realizar revisões e ajustes em vários processos, no Sistemas de Gestão e em uma série de documentos das áreas de Segurança e Saúde, Comunicação e Recursos Humanos. O planejamento da atividade foi deflagrado em novembro de 2019, com o envolvimento de todo o setor de SMS. A expectativa é de que até o final de janeiro de 2020 seja possível implantar as  mudanças e aplicar os ajustes necessários.

“A migração é um projeto muito importante para a nossa área, pois irá contribuir para aprimorar processos, proporcionando uma visão mais estratégica de riscos e oportunidades e  um  envolvimento mais efetivo tanto da alta liderança como de todos os colaboradores”, acredita a coordenadora de SMS da Qualidados, Luciana Vasconcelos.

O que vem por aí?

Veja onde a QD vai estar em 2020.

O ano mal começou e a Qualidados já está de agenda cheia, com participações previstas em uma série de eventos no Brasil e exterior. A seguir, organizamos uma lista rápida de congressos, conferências e outros encontros onde nossos integrantes deverão marcar presença ao longo do ano. Confira o cronograma:

Fevereiro – No dia 6, teremos o evento Café com Energia P&C, em Salvador

Março – A conferência Global Offshore Brasil Summit acontece dias 3 e 4, em Nilópolis, no Rio de Janeiro

Abril – Evento sobre PPPs e Concessões, no dia 16, em São Paulo (capital).

Maio – Maior evento mundial de petróleo, a Offshore Technology Conference (OTC) será realizada de 4 a 7, em Houston, no Texas. No mesmo mês, teremos ainda a Sergipe Offshore, em Aracaju.

Junho – O congresso Brazil Windpower, voltado para o setor eólico, acontece de 2 a 4, na capital paulista.

Julho – Salvador vai sediar a Conferência de Negócios e Encontro do Setor de Petróleo do Norte e Nordeste do Brasil – PetroNor 2020.

Agosto – A MEC Show, Feira de Metalmecânica e Inovação Industrial, será promovida nos dias 3 a 5, em Vitória,  Espírito Santo.

Setembro –  Maior evento de Óleo e Gás da América Latina, a Rio Oil&Gas Expo and Conference vai ocupar mais uma vez o centro de convenções do Riocentro, na capital fluminense. A programação ocorre de 21 a 24.

Outubro – Congresso ABRAMAN 2020.

Novembro –  As energias renováveis estarão em pauta no Bahia Energy Meeting,  a ser realizado em Salvador.

HIGHLIGHTS – Novos contratos

A Qualidados acaba de fechar mais dois contratos com a Petrobras.  

Saiba mais sobre eles:

Rumo ao campo do Roncador

Ao longo dos próximos dois anos, 55 profissionais – entre engenheiros de manutenção e processamento, técnicos de planejamento e materiais – prestarão serviços de apoio técnico em terra e mar para as plataformas P-52, P-54, P-55 e P-62 da Petrobras no campo do Roncador.

Deflagrado no último dia 29 de abril, o novo contrato foi fechado com a Unidade Operacional do Rio de Janeiro (UO Rio).  A partir de agosto deste ano, no entanto, os serviços passarão a ficar sob a responsabilidade da Unidade de Operações do Espírito Santo, em decorrência da mudança no controle da Gerência do Ativo Roncador.

No escopo do trabalho, estão atividades de alta complexidade que envolvem planejamento, programação e acompanhamento de serviços de inspeção e manutenção das plataformas. O contrato é ainda o primeiro da Qualidados que envolve parceria com uma multinacional, a empresa norueguesa de energia Equinor.

Manutenção Volante

Profissionais com expertise e qualificação para atuar em atividades estratégicas e com acesso direto à alta gestão é o que demanda outro contrato fechado com a UO Rio. Desta vez, para prestação de serviços de apoio à fiscalização de campo em atividades de construção e montagem volante.

Desenvolvidas em ambientes onshore e offshore, as atividades estão ramificadas em cinco segmentos: programação e controle de serviços, apoio técnico de fiscalização, controle de qualidade, controle de materiais e apoio administrativo. Com prazo de dois anos – renovável por até igual período, mediante aditivo – o novo contrato visa atender às Unidades Estacionárias de Produção (UEP) da Petrobras, ao canteiro de prestadoras de serviços e aos escritórios da empresa na região sudeste.

As atividades começam dia 26 de junho e a previsão é que já em julho o trabalho de mobilização tenha sido concluído.  Serão alocados inicialmente 31 profissionais, além da equipe indireta responsável pela gestão administrativa do contrato.

ENTREVISTA – Bons negócios à vista

Um bate-papo com o consultor Eduardo Aragon sobre as perspectivas abertas pelo novo boom de investimentos no mercado offshore.

A exploração e produção de óleo e gás em ambientes offshore (alto mar) é um dos segmentos industriais que mais crescem no Brasil, hoje.  O mercado acena para os prestadores de serviços nacionais com novas oportunidades de negócios. Para entender um pouco melhor este cenário, a Qualinews conversou com o engenheiro civil e consultor Eduardo Aragon, que tem 37 anos de experiência na área e é sócio de uma empresa de inteligência de negócios, a Brainmarket. Veja como foi o bate-papo.

Como você avalia hoje as perspectivas para o mercado offshore no Brasil?

O mercado de exploração e produção offshore é o segmento industrial  onde estão concentrados hoje os maiores investimentos do Brasil. É um mercado gigantesco, com cifras vultuosas, onde operam hoje não só a Petrobras como empresas como Exxon Mobil, Total, Equinor e Shell e que vem sendo fomentado através das rodadas de licitações  para exploração e produção conduzidas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Dá para ter uma dimensão do que representa este mercado, em termos financeiros?

Só este ano, os próximos leilões conduzidos pela ANP devem movimentar de 27 a 30 bilhões de dólares em valores pagos por empresas na assinatura do ato de concessão.  A Petrobras planeja investir 35 bilhões em 13 plataformas no pré-sal até 2020, além de construir outras 22 novas plataformas até 2026. Em paralelo, a Shell deverá aplicar outros 14 bilhões de dólares em projetos de exploração e produção em águas profundas no nosso país.

O que toda esta movimentação representa para empresas de prestação de serviços de engenharia?

É, com certeza, uma oportunidade única, sobretudo na área de manutenção e operação, que é onde se concentra o maior volume de contratos.  Antes, estas empresas só trabalhavam para a Petrobras; hoje, há todo um mercado privado a explorar. Até porque as empresas estrangeiras que operam no Brasil estão começando a contratar prestadores de serviços nacionais. Antigamente, elas traziam toda a sua mão de obra de fora.

Quais as credenciais necessárias para abrir espaço neste mercado?

A primeira é experiência. O fato de ter trabalhado para a Petrobras e de conhecer o negócio offshore já é meio caminho andado. Isso porque existe um respeito pelos brasileiros nesta área. Afinal, nós somos número 1 do mundo em offshore, número 1 em tecnologia de águas profundas, pioneiros na utilização dos navios que produzem e estocam, conhecidos como FPSO (do inglês Floating Production Storage and Offloading, unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência). Além disso, é interessante ter uma veia de inovação, mostrar ao cliente que você é capaz de propor soluções em serviços que contribuam para mitigar riscos e reduzir custo, mantendo qualidade e segurança.